O depósito das armas da PSP, na Quinta da Bela Vista, no Porto, vai deixar de ter vigilância nocturna. A medida é consequência de cortes nos subsídios de turno aos agentes encarregados do serviço. Mas o Comando da PSP diz que a segurança está acautelada.
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São milhares de armas apreendidas e de uso ou em reparação pelos elementos da PSP. Estão guardadas num armazém contíguo ao Parque de São Roque, na freguesia de Campanhã, no Porto. A separar os dois terrenos estão um muro e um terreno plano. Desde que lhe foi dado o destino de armazém de armamento, tem guarda permanente por pelo menos um elemento. Em breve vai deixar de ter segurança à noite.
A decisão tomada pelos responsáveis do Comando Metropolitano – para entrar brevemente em vigor – causou mal-estar entre os elementos da PSP que tomaram conhecimento do assunto. Dizem que em causa não está apenas a retirada de um subsídio de 130 euros mensais por meia-dúzia de agentes – que representará uma poupança aproximada de nove mil euros por ano (800 euros por mês)–, mas sobretudo as condições de segurança efectiva do local.
Fácil acesso
Desde o interior do Parque de São Roque da Lameira (de acesso público até às 20 horas), percebe-se ser fácil chegar ao depósito das armas. O mais complicado será serrar o gradeamento de janelas. “Mas se os assaltantes conseguem entrar em bancos e em ourivesarias à noite, por que não conseguirão também naquele sítio?”, questiona-se uma das fontes contactadas pelo JN.
As condições de segurança das instalações da PSP na “Bela Vista” foram, em Janeiro passado, contexto de uma situação embaraçosa: um indivíduo francês, detido por um assalto de alguns milhares de euros numa casa na Senhora da Hora, em Matosinhos, conseguiu escapar da cela depois de agredir o único guarda de serviço e fugiu precisamente pela zona em direcção ao Parque de São Roque. Até hoje, que se saiba, não foi capturado.
Confrontado pelo JN a respeito dos cortes na vigilância do armazém de armas, o Comando Metropolitano da PSP do Porto informa que “não se pronuncia em detalhe sobre questões relacionadas com a segurança das suas instalações, por se considerar matéria confidencial”.
Contudo, garante, em resposta escrita, que “todas as condições de segurança estão devidamente acauteladas, como não poderia deixar de ser”.
Já o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), mostra-se preocupado e quer analisar a fundamentação da decisão. “O Comando diz que não é necessária a presença de um elemento em permanência. Queremos saber se é mesmo assim, se foram ponderados todos os cenários ou se se trata de decisão por critérios economicistas. Também queremos ficar tranquilos e que as coisas funcionem”, explica Paulo Rodrigues.