O tribunal de Aveiro vai voltar a ouvir os dois inspetores tributários que investigaram o caso 'Face Oculta', a pedido da defesa dos arguidos Manuel Nogueira Costa e Paulo Pereira Costa.
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Benjamim Monteiro e Filipe Soares, que já foram ouvidos enquanto testemunhas de acusação há cerca de três meses, voltarão a prestar depoimento após terminar a audição de todas as testemunhas arroladas pelo Ministério Público.
A decisão foi anunciada, esta quinta-feira, pelo juiz-presidente Raul Cordeiro, em resposta a um requerimento apresentado pelo advogado Pedro Marinho Falcão, que defende os arguidos Manuel Nogueira Costa e Paulo Pereira Costa - pai e filho.
Em declarações à Lusa, o defensor dos sucateiros disse querer ouvir os dois inspetores tributários sobre "novos elementos que constam de uma certidão que foi junta ao processo há cerca de um mês".
Em causa está uma nova certidão que o Ministério Público mandou extrair do processo de natureza fiscal, que deu origem ao 'Face Oculta' e que se encontra suspenso, por estarem a decorrer os processos tributários.
"Esta certidão contem mais informação sobre as alegadas redes criadas por Manuel Costa e Paulo Costa no que concerne à utilização de faturas falsas", referiu o causídico, acrescentando que se tratam de novos factos sobre os quais os inspetores tributários ainda não foram inquiridos.
Durante a sessão desta quinta-feira, o tribunal ouviu Manuel Cunha da Silva, um ex-diretor da REN que teve a seu cargo os pelouros Financeiro e Património.
O economista, atualmente na reforma, disse que a sua divisão assumiu pontualmente a gestão económica e administrativa dos resíduos, entre 2005 e 2008.
Question ado pelo procurador do Ministério Público, a testemunha afirmou nunca ter sentido "qualquer tipo de pressão de nenhum membro da administração no sentido de arranjar resíduos e de ser dada prioridade".
"Esta matéria de resíduos não era da administração, era mais da comissão executiva, que reportava ao conselho presidido pelo engenheiro Victor Baptista", adiantou.
No final da sessão, o coletivo de juízes agendou a audição de mais seis testemunhas, entre as quais o presidente da Redes Energéticas Nacionais (REN), Rui Cartaxo, que será ouvido em audiência de julgamento no próximo dia 19.