A mulher de Francisco Esperança, uma das vítimas do triplo homicídio de Beja, tinha manifestado, dias antes do crime, a uma amiga, a sua preocupação pelo desequilíbrio mental que estava a atingir o marido, segundo soube o JN.
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A depressão chegara a tal ponto que Benvinda pediu-lhe para ir ao médico, mas ele recusou, dizendo que "não era preciso". Este facto acaba por juntar-se agora ao diagnóstico contido num relatório médico-legal feito há 20 anos que já detetara sinais de perturbações mentais associadas a um problema de alcoolismo. Na altura, a conclusão, tornada pública no julgamento a que Francisco Esperança foi sujeito por ter desfalcado o banco onde trabalhava, foi ignorada pelo tribunal, tal como o JN ontem noticiou.
A conversa teve lugar em Beja e surgiu na sequência da grande amizade e confiança que existia entre a mulher de Francisco Esperança, Benvinda, e a interlocutora. "É verdade que tínhamos um grande relacionamento", confirmou ao JN o marido da amiga de Benvinda. "Conhecíamo-nos há mais de 20 anos", apontou, pedindo, no entanto, para manter o anonimato. Benvinda era madrinha de batismo de um dos filhos do casal.
A mulher de Francisco disse à amiga que estava a estranhar o marido - "andava há vários dias calado", o que não era habitual nele. O ex-bancário mostrava-se ausente e taciturno, metido consigo próprio. Segundo o amigo, aquele comportamento não era habitual. E conheciam-no bem. "E ela era muito cuidadosa com ele, tanto mais que ele tinha o problema do álcool", foi-nos adiantado.
Cátia, a filha de Francisco, também morta, era muita amiga da filha deste casal, mas nunca se apercebeu de nada que fizesse prever a tragédia, disse o marido ao JN.