O advogado da família da criança desaparecida admitiu, esta segunda-feira, como hipótese, que Rui Pedro pode estar vivo, "mas sem memória do que aconteceu antes do desaparecimento".
Corpo do artigo
"Ele [Rui Pedro] pode estar vivo impossibilitado de contactar com os pais, pode estar vivo e não querer contactar com os pais e pode estar vivo e não ter memória do que aconteceu antes do desaparecimento", afirmou Ricardo Sá Fernandes.
O advogado falava aos jornalistas à saída do tribunal no final da quinta sessão, na qual dois médicos, arrolados como testemunhas, falaram sobre a saúde de Rui Pedro, nomeadamente o facto de a criança sofrer de epilepsia.
Os clínicos ouvidos pelo tribunal disseram que o menor estava a ser medicado e que se fosse privado de medicação por um período prolongado poderia sofrer uma crise de epilepsia.
A médica Teresa Lavandeira, especialista em neuropediatria, questionada por Ricardo Sá Fernandes, admitiu, esta segunda-feira, como hipótese "possível mas raríssima", que Rui Pedro, em resultado de um episódio de epilepsia provocado pelo stress do encontro com uma prostituta, possa ter sofrido danos irreversíveis nos neurónios.
Comentando o cenário de crise epilética discutido esta segunda-feira em tribunal, o advogado reafirmou que a luta dos assistentes é "explorar tudo aquilo que possa permitir saber o que aconteceu, por mais pequena que seja a hipótese de sucesso".
De manhã, a prostitua Alcina Dias, testemunha de acusação, disse ao tribunal que esteve com Rui Pedro em Lustosa, Lousada, no dia do desaparecimento (4 de Março de 1998) e que a criança fora levada num carro conduzido por um homem que identificou, na sala de audiências, como Afonso Dias, único arguido neste processo, acusado de rapto qualificado.
Durante a tarde, duas prostitutas confirmaram ao tribunal que a colega Alcina Dias lhes contou que estivera com a criança que desapareceu, identificando-a como Rui Pedro.
Por seu turno, o comandante da GNR de Lousada, à data dos factos em julgamento, confirmou que Afonso Dias, na noite do desaparecimento, já era apontado como suspeito.
Afirmou, no entanto, que o arguido negou ter alguma coisa a ver com o desaparecimento.
Comentando os depoimentos que darão força à tese da acusação, Ricardo Sá Fernandes considerou que "a prova tem vindo a ser feita de uma forma consistente".
Antes, em audiência, tinham falado a avó e a irmã de Rui Pedro, tendo ambas admitido que a criança tinha uma relação de amizade com Afonso Dias, apesar da diferença de idade.
A irmã, dois anos mais nova que Rui Pedro, disse que era uma relação normal, afirmando que considerava Afonso Dias "uma criança de 18 anos".
"E comportava-se como tal", observou.