O secretário de Estado da Saúde destacou hoje, sexta-feira, que o "acidente" no Hospital de Santa Maria, em que seis doentes ficaram cegos, não retira confiança ao Serviço Nacional de Saúde, que realiza anualmente "mais de meio milhão" de intervenções cirúrgicas.
Corpo do artigo
"Em cada ano, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), são feitas mais de meio milhão de intervenções cirúrgicas. O facto de ter ocorrido um acidente, cujas causas não estão esclarecidas, não permite nenhuma diminuição da confiança. Antes pelo contrário", argumentou.
O secretário de Estado Manuel Pizarro falava aos jornalistas depois de inaugurar o Laboratório de Saúde Pública de Évora, da responsabilidade da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo e instalado no Hospital do Patrocínio, naquela cidade alentejana.
O governante foi questionado sobre os relatórios do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento - e da Ordem dos Farmacêuticos, realizados depois de seis doentes terem ficado cegos na sequência de uma intervenção oftalmológica, a 17 de Julho, no Hospital de Santa Maria, Lisboa.
O Infarmed revelou quinta-feira ter detectado "não conformidades", algumas delas consideradas "críticas", nas condições de preparação e dispensa de medicamentos naquela unidade hospitalar.
No mesmo dia, a Ordem dos Farmacêuticos concluiu não se ter verificado qualquer incorrecção por parte dos profissionais farmacêuticos do hospital, nem qualquer alteração aos procedimentos estabelecidos.
Entretanto, o presidente do Infarmed, Vasco Maria, esclareceu hoje que a inspecção ao Hospital de Santa Maria se inseriu na actividade regular do instituto, recusando qualquer "relação" entre as conclusões da inspecção e o caso dos seis doentes que cegaram.
O secretário de Estado da Saúde escusou-se hoje a comentar os pormenores dos relatórios, frisando que a "preocupação maior" do Ministério da Saúde está centrada na "evolução dos doentes a quem ocorreu aquele acidente na cirurgia oftalmológica".
A investigação sobre o caso, disse, deve continuar a ser conduzida pelos "organismos com competência técnica" e pelo poder judicial, já que a Procuradoria-Geral da República (PGR) "abriu, e bem, um inquérito à situação".
No que respeita ao relatório do Infarmed, o governante realçou que a Autoridade Nacional do Medicamento procede a uma "avaliação regular sobre as condições de funcionamento dos diferentes serviços hospitalares".
"Hoje em dia, todos os serviços de saúde, não só os de Santa Maria e não só as farmácias, estão sujeitos a mecanismos de controlo muito apertados e foi no exercício dessa função regular que o Infarmed fez uma avaliação que não está forçosamente relacionada com este incidente", disse.
Aludindo às "não conformidades", algumas "críticas", referidas pelo Infarmed, o secretário de Estado referiu que essas "designações de natureza técnica normativa podem corresponder a situações muito diversas".
"Estamos muito confiantes que, entre o Infarmed e o Hospital de Santa Maria, se resolverão os problemas que existam nessa matéria, que nem sequer temos informação de que estejam directamente relacionados com o acontecimento", acentuou.