A administração da RTP disse esta segunda-feira que manifestou em "tempo oportuno" junto do Governo a sua discordância perante o cenário de uma concessão a um privado da empresa, como anunciado na semana passada.
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"O Conselho de Administração da RTP considera descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise, sentindo-se por isso obrigado a divulgar publicamente que manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância relativamente a este cenário", aponta o órgão presidido por Guilherme Costa em nota divulgada esta tarde à imprensa.
No documento, a administração da empresa diz ainda que "não reconhece os argumentos económicos de poupança para o Estado, apresentados publicamente, em favor deste cenário", quando comparados com os do Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira (PSEF), aprovado pela tutela no final de 2011.
A RTP sublinha que, no âmbito do referido plano, foi constituído um comité de acompanhamento do estudo detalhado das novas ações do PSEF e da "sua articulação com a decisão política sobre a privatização, com participação da tutela e dos consultores estratégicos e jurídicos", e o cenário da concessão foi um dos modelos cuja análise foi pedida pela tutela, embora tenha sido um modelo a que a administração da empresa se manifestou contra.
Os gestores consideram ainda "descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise", como sucedeu na semana passada, quando o economista e consultor do Governo António Borges considerou, em entrevista à TVI, que a possibilidade de concessionar a RTP1 a investidores privados era um cenário "muito atraente", assegurando contudo que nada estava ainda decidido sobre o futuro da empresa.
A RTP2 irá "muito provavelmente" fechar, independentemente do cenário a adotar para o futuro da empresa, em razão do seu avultado custo, para reduzidas audiências, prosseguiu o consultor do executivo, na entrevista à TVI.
A administração da RTP emitiu também hoje um comunicado interno "informando mais detalhadamente todos os trabalhadores da empresa sobre este processo".
Diversos constitucionalistas têm questionado a eventual inconstitucionalidade da medida preconizada por António Borges.