Bispos moçambicanos acreditam em "visão mais realista" dos problemas de África
A Conferência Episcopal de Moçambique vaticinou, esta quinta-feira, que o novo Papa, Francisco, terá "uma visão mais realista" dos problemas de África, porque "viveu na pele" questões como a pobreza e a discriminação na sua terra natal, Argentina.
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O argentino Jorge Mário Bergoglio, de 76 anos, arcebispo de Buenos Aires, foi eleito como sucessor de Bento XVI na quarta-feira, tornando-se o primeiro do continente americano a ascender à chefia da Igreja Católica.
Em declarações à Lusa, o porta-voz da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) e bispo católico, João Nunes, afirmou que a Igreja Católica moçambicana recebe a eleição de Francisco com esperança e alegria.
"Penso que o facto de ele vir de um país que ainda procura o desenvolvimento, que tem um fio comum com Moçambique e África, que é a pobreza, a corrupção e a discriminação, vai-lhe dar uma visão mais realista sobre os problemas de África", disse João Nunes.
A miséria que Jorge Mário Bergoglio "viveu na pele" durante o seu trabalho missionário nos bairros pobres de Buenos Aires vai-lhe permitir perceber melhor as dificuldades que o continente africano atravessa, acrescentou o porta-voz do CEM.
"Este Papa é um papa virado para o povo e vive profundamente o evangelho. O facto de pedir 'rezai por mim' mostra que é bastante humilde, por isso ficámos bastante alegres", frisou João Nunes.
Insistindo na ideia de que a Igreja Católica é universal e não dependente da nacionalidade do seu guia, João Nunes defendeu que o Papa Francisco poderá aprofundar o debate em torno da questão africana, iniciado com o Concílio Africano no tempo do seu antecessor Bento XVI.
"Poderá iluminar e indicar alguns caminhos para superar as provações que o continente atravessa, na linha de continuidade do caminho iniciado por Bento XVI", enfatizou o bispo moçambicano.
Sobre o impacto de papa Francisco na contenção do crescimento das igrejas evangélicas no continente africano, João Nunes acredita que o novo papa poderá reforçar o diálogo e a compreensão desse novo fenómeno.
"Além de novas seitas, África ainda se debate com a vida dupla, em que de manhã é a igreja e à noite é o curandeiro. É necessário que o evangelho ilumine melhor o caminho, colocando a sua semente", sublinhou João Nunes.