Portugal já é um dos mais afectados. Em 70 anos, ficámos com mais 1,2º C.
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A primeira década deste século é a mais quente desde que há registos e 2009 anuncia-se como o quinto ano mais quente de sempre em todo o Mundo. Portugal não escapa a esta realidade e as secas espreitam o seu território.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) fez coincidir a divulgação dos dados sobre temperaturas globais com os primeiros dias de trabalhos da cimeira do clima. Aqueles vêm dar força aos cenários traçados pelo Painel Climático Internacional das Nações Unidas, que apontam invariavelmente para um aumento significativo das temperaturas médias por todo o planeta. As informações foram recolhidas em milhares de estações meteorológicas, bóias e através de satélites. Elas indicam que apenas o Estados Unidos e o Canadá tiveram temperaturas mais baixas que a média; grandes extensões do Sul da Ásia e da África Central terão tido em 2009 o ano mais quente desde que são feitas e anotadas medições.
O documento da OMM enumera fenómenos extremos desde 2000 que estão associados a esta subida dos valores médios atingidos acima da superfície dos oceanos e dos solos: inundações devastadoras e secas, aumento da frequência dos furacões.
Desde os anos 70 do século passado disparou o aquecimento e cada década é mais quente que a anterior. É o que ocorre nestes dez primeiros anos do século, sendo 2009 o quinto mais quente de todos.
Nas médias globais, 2003 e 2005 contribuiram em muito para o aquecimento. Das zonas mais afectadas foram as do Sul da Europa, Portugal incluído. E é sobretudo através de secas que se expressam os fenómenos extremos no nosso território e por toda a Península Ibérica. As ondas de calor daqueles anos, bem como as secas repetiram-se nos últimos anos noutros pontos do Mundo, e mesmo alguns países do Centro e do Norte europeu se ressentiram do fenómeno. Mas onde a calamidade tem tido este ano mais impacto tem sido a Austrália (com valores até sete graus acima da sua média e a pior seca dos últimos 30 anos), bem como a Índia, a China, os países mais meridionais da América e a África Central.
Ao divulgar estes dados (provisórios, aqueles sobre 2009), o secretário-geral da OMM sublinhou "não haver dúvidas de que estamos com uma tendência de aquecimento". E ela pode agravar-se, disse Michel Jarraud, se houver nos próximos anos fenómenos naturais como uma erupção vulcânica.
Os cálculos relativos a Portugal indicam que no território a temperatura média subiu 1,2 graus desde 1930. Segundo o presidente do Instituto de Meteorologia disse à Lusa, antes desse ano os termómetros demoraram um século para escalar 0,8 graus. Adérito Serrão atribui este aumento à industrialização e suas emissões de CO2.