Dirigentes europeus reagiram com emoção e surpresa à atribuição do Nobel da Paz
Os principais dirigentes europeus reagiram, esta sexta-feira, com "emoção" à atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia, afirmaram sentir-se "honrados" mas não deixarem de manifestar alguma surpresa pela decisão.
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Os europeus "conseguiram ultrapassar a guerra e as divisões" para "formarem em conjunto um continente de paz e prosperidade", considerou o presidente do Conselho da UE, Herman Van Rompuy.
A atribuição do prémio "é uma grande honra para a União Europeia", acrescentou, sem deixar de sublinhar que constituiu "o mais forte reconhecimento possível dos profundos motivos políticos que animam a nossa União" e sem deixar de denunciar alguma surpresa.
O prémio Nobel da Paz "é uma grande honra para o conjunto da União Europeia, para os seus 500 milhões de cidadãos", reagiu o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
"Estamos orgulhoso pela UE se afirmar como o primeiro fornecedor do mundo em ajuda ao desenvolvimento e ajuda humanitária, e se manter na primeira linha dos esforços mundiais para proteger o nosso planeta através da luta contra as alterações climáticas", acrescentou.
"Os valores da dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, o respeito do estado de direito e dos direitos humanos são fundamentais para a União Europeia", insistiu por sua vez o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
Já o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, optou por enfatizar a forma "como os europeus se entendem, apesar das divergências, uma forma exemplar de comportamento e que permite a outros seguir os caminhos da paz".
Ao afirmar-se "feliz", a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, recordou que "entre os países da UE, inimigos históricos tornaram-se parceiros e amigos próximos", e mostrou-se "orgulhosa por contribuir para o prosseguimento deste trabalho".
Na manhã desta sexta-feira, o presidente da República, Cavaco Silva, tinha já defendido que a UE só conquistou o Nobel da Paz porque constitui um "modelo" de democracia, paz e coesão, que "é essencial" prosseguir, abdicando de "egoísmos nacionais".
No início da sua intervenção no parlamento, durante o debate quinzenal, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho disse querer associar-se à "saudação espontânea que a câmara evidenciou" perante a notícia da atribuição do Prémio Nobel da Paz à UE.
Em comunicado emitido durante a tarde desta sexta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros também decidiu saudar a concessão decidida pelo comité Nobel norueguês.
"Num momento em que a União Europeia é chamada a enfrentar desafios de uma exigência sem precedentes, a atribuição deste prémio vem oportunamente relembrar que as razões que levaram a Europa a unir-se permanecem hoje tão atuais e pertinentes como há sessenta anos", indica o comunicado do MNE.
Em Washington, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, "felicitou" a UE pela atribuição do Nobel da Paz, que constitui a consagração de uma Europa "unida e em paz".
"É notável ver como a Europa do século XXI está unida e em paz e isso não é fruto de uma coincidência", declarou ao chefe da diplomacia norte-americana.
De acordo com especialistas e responsáveis políticos europeus citados pela agência noticiosa AFP, o Nobel da Paz atribuído à União não vai fazer esquecer a crise de confiança que atinge o Velho Continente, atingido pela crise da dívida, mas constitui um encorajamento para uma integração mais audaciosa.
"O prémio Nobel é um apelo, designadamente para a união económica e monetária, orçamental e fiscal", considerou Jean-Dominique Giuliani, presidente da Fundação Robert Schuman, cujo objetivo consiste em promover os ideais europeus.
Numa reação que destoou da generalidade das opiniões, a concessão do Nobel à UE mereceu a crítica dos sindicatos e partidos da oposição na Grécia.
"A decisão do comité do prémio Nobel da Paz é uma hipocrisia que ofende os povos europeus num momento em que são vítimas de uma guerra não declarada a todos os direitos sociais", denunciou em comunicado a Syriza, a coligação de esquerdas que lidera a oposição.