Equipa médica e de enfermeiros vai garantir autonomia sanitária aos 47 militares portugueses no terreno. C-130 saiu ontem da Base Aérea do Montijo transportando o destacamento nacional.
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A força militar portuguesa partiu para o Mali ao fim da manhã de ontem, a partir da Base Aérea n.0º 6, no Montijo, mas tendo como pano de fundo o vírus do ébola, um cenário ontem avançado pelo JN. A missão vai durar pelo menos três meses, num quadro em que a equipa médica e de enfermeiros que integra a força vai garantir autonomia sanitária imediata. E esta prestação é tanto mais importante quando se sabe que o C-130, à volta do qual a força foi constituída, pode ter que cumprir missões em qualquer ponto do Mali.
E se os militares se mostram confiantes perante a Comunicação Social, já as famílias, os que ficam, deixam escapar o medo na despedida. É o caso de Marta Guerreiro, de 22 anos, irmã de um paraquedista que vai incorporado na missão e estudante de enfermagem, uma condição que a leva a manifestar ainda maiores receios. "Há sempre risco. Ficamos sempre com medo", sustenta, adiantando que o ébola foi um dos temas de conversa nesta família de Évora antes da partida do irmão.
A cunhada, Vera Braga, de 34 anos, confia que "corra tudo bem", mas, confessa, chegou a "um ponto que já não queria saber mais nada sobre o ébola. Fiquei assustada com tanta coisa", diz tendo ao colo uma bebé com pouco mais de seis meses, filha do cabo para-quedista David Guerreiro, que olha atentamente para ambos.
"Fomos bem preparados", salienta o militar do Exército que faz parte da equipa responsável pelo lançamento de cargas a partir do C-130. Além das matérias inerentes à missão, o boina verde adianta terem sido "bem esclarecidos sobre os cuidados a ter" para impedir um possível contágio, naquele que é o seu primeiro deslocamento para o exterior.
A partida e a saudade é algo com que, em contrapartida, há muito lida Susana Ferreira, mulher do primeiro-sargento do quadro permanente da Força Aérea, Mário Ferreira, que brinca com o filho de 11 anos. "Já estou habituada", diz Susana, mas quanto ao ébola, acredita que "eles estejam preparados", confessando, no entanto, o receio.
O primeiro-sargento, que integra as tripulações do C-130, diz terem sido "bem esclarecidos sobre as medidas a tomar, quer em termos de higiene pessoal quer nos cuidados a ter no contacto com a população".