Jovens advogados lutam pela sobrevivência na profissão em "tortura psicológica"
O presidente do Instituto de Apoio a Jovens Advogados, Eliseu Pinto Lopes, afirmou hoje que a maioria dos jovens advogados lutam pela sobrevivência na profissão, por vezes traduzida numa "tortura psicológica".
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"À luz do estado actual da jovem advocacia, somos nós que temos de lutar pelo prestígio da nossa profissão", afirmou Eliseu Pinto Lopes durante o I Encontro Nacional de Jovens Advogados, sublinhando que "o mercado não justifica a existência de tantos advogados" e que o destino da sua profissão é sempre "uma incógnita".
"A maioria dos jovens advogados lutam pela sobrevivência na profissão, muitas vezes em situações degradantes. Não é justo estarmos sempre com dúvidas quanto ao futuro da nossa profissão, traduzida muitas vezes numa constante tortura psicológica", acrescentou o dirigente do Instituto de Apoio a Jovens Advogados (IAJA), instituto que funciona no âmbito da Ordem dos Advogados.
Eliseu Pinto Lopes disse, também, que os advogados deveriam ter prazer em exercer a sua profissão, mas hoje isso significa um "fardo e sacrifício", dadas as assimetrias existentes.
"Nos últimos dois anos a Ordem tem procurado estimular os jovens advogados, a criação do Instituto de Apoio é uma prova disso", salientou o presidente do IAJA.
Contudo, alertou: "Não haja ilusões. Se continuarmos passivamente nos escritórios à espera que façam alguma para mudar, nunca chegaremos a lado nenhum".
"A decisão é nossa: há que deitar mãos à obra e lutar pela advocacia portuguesa", concluiu.
O I Encontro de Jovens Advogados realizou-se durante o dia de hoje no Teatro Gil Vicente, em Cascais, onde foram abordados temas relacionados com as novas tecnologias e o futuro dos jovens advogados portugueses.
O primeiro encontro para causídicos com menos de 10 anos de profissão ficou ainda marcado pela troca de acusações entre o presidente do Conselho Distrital de Lisboa, Carlos Pinto de Abreu, e o bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto.
Pinto de Abreu acusou a Ordem de discriminar os advogados estagiários e abandonou o encontro, atitude que Marinho Pinto considerou um "espectáculo degradante, cínico e oportunista".