A auxiliar de enfermagem espanhol Teresa Romero continua em estado "muito grave" e as restantes 15 pessoas isoladas no Hospital Carlos III permanecem assintomáticas, o que representa situação de "absoluta tranquilidade", segundo um especialista.
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"Neste momento, ninguém em Espanha, além da paciente, é capaz de transmitir o vírus, porque estão todos assintomáticos", disse Fernando Rodriguez Artalejo, elemento do Comité Cientifico criado pelo Governo espanhol para acompanhar a crise do ébola.
"Isso representa uma situação de absoluta tranquilidade do ponto de vista de saúde pública", afirmou depois da reunião de hoje do comité.
Rodriguez Artalejo confirmou que a paciente, Teresa Romero Ramos, está "estável dentro da gravidade" e que todas as restantes 15 pessoas sob observação e isoladas no Hospital Carlos III estão assintomáticas.
"Todas as horas em que uma paciente está clinicamente grave, como é o caso desta paciente, são críticas. Cada dia que consegue lutar está em melhores condições para ter uma capacidade de resposta imunológica. Mas é também importante que possa vencer de forma eficaz as diferenças complicações da doença que normalmente a acompanham", afirmou.
Escusando-se a revelar pormenores sobre o tratamento que está a ser dado a Teresa Romero, o especialista recordou que o Ébola é "uma doença muito grave" mas o vírus "dá alguma facilidade de controlo".
Segundo recordou "é muito difícil de transmitir, porque requer contacto estreito, por fluidos corporais, e só se transmite quando uma pessoa está sintomática", pelo que "este surto pode ser controlado.
"Este surto estará totalmente terminado quando nenhum dos que funcionários sanitários que hoje estão a lidar com a Teresa Romero tiver registado qualquer sintoma 21 dias depois do dia em que terminarem a sua atenção à doente", afirmou.
O comité de crise espanhol constituído para coordenar e gerir a resposta à situação do vírus Ébola esteve hoje reunido durante duas horas no Palácio da Moncloa, sede do Governo, sob liderança da vice-presidência, Soraya Saénz de Santamaría.
Antes da reunião, Fernando Simón, diretor do Centro de Alertas e Emergências do Ministério de Saúde, clarificou também informação sobre a medicação que está a ser dada a Teresa Romero, explicando que não se está a utilizar o fármaco experimental Zmapp.
Segundo disse à televisão Antena 3 Espanha não tem qualquer dose do Zmapp e apenas dispõe de uma versão anterior do fármaco experimental que ainda não se utilizou por receios sobre a segurança.
"Não se administrou (Zmapp) porque não há disponível, nem aqui nem em lado nenhum. Em Espanha temos a versão antiga do produto, são fármacos que têm um processo de criação muito lento e, como são experimentais, não há quantidades suficientes. É provável que só haja disponibilidade no final do ano", disse.
Sobre o produto disponível explicou que se chama "Zmab" mas que "do ponto de vista clínico tem efeitos secundários que não o tornam recomendável para os médicos que estão a tratar a auxiliar de enfermagem".
"Há várias drogas experimentais. Fala-se muito do Zmapp, mas as drogas experimentais não mostraram, até agora, qualquer eficácia constatável porque é difícil poder avaliá-la na forma em que se administra e, segundo, porque a única coisa que parece estar a ter algum efeito é o soro de um convalescente", explicou.
Fontes hospitalares tinham afirmado na semana passada que o fármaco Zmapp tinha sido incorporado no tratamento de Teresa Romero Ramos, a auxiliar de enfermagem infetada com o vírus do Ébola em Madrid.
Assim a paciente está a ser tratada com um antiviral de espetro amplo, o Favipiravir, que nunca tinha sido testado em pessoas mas que deu sinais positivos em ratos.
Continua igualmente a receber o soro de pacientes que sobreviveram ao Ébola, procurando assim aproveitar os anticorpos no combate ao vírus.