No terceiro dia de trabalhos da cimeira do clima começaram a ser mais fortes as exigências dos países em desenvolvimento para com os ricos. As ajudas e compensações estiveram em primeiro plano.
Corpo do artigo
Os 130 países em desenvolvimento representados pela coligação G-77 manifestaram em Copenhaga as suas desconfianças quanto à disponibilidade dos mais ricos e mais poluidores os ajudarem financeiramente a combater os efeitos das alterações climáticas. A circulação de um rascunho de proposta atribuído à presidência dinamarquesa e que conteria um objectivo global de redução de emissões, foi razão para protestos, a que se aliaram organizações ambientalistas. A Dinamarca apressou-se a desmentir o carácter definitivo do documento.
O presidente do grupo dos 77 afirmou que o texto dos anfitriões da conferência de "pretende assegurar 60% da atmosfera para os 20% das nações mais ricas". Lumumba Stanislaus acusou os países desenvolvidos de exercerem um "colonialismo do carbono". Delegados europeus classificaram as reacções como "tempestade num copo de água".
A par desta voz fez-se ouvir a da Associação dos Pequenos Países Insulares (AOSIS, na sigla inglesa), que reclamam ajudas financeiras significativas para combater os danos das alterações climáticas. Sucedem-se os pedidos já quantificados por parte de outros países, como o Botswana, que reclama cerca de 150 milhões de euros para reduzir as emissões provenientes das suas centrais de produção eléctrica a carvão.
A desconfiança perante o rascunho dinamarquês deve-se ao facto de não haver nele uma referência a cortes quantificados por parte dos países ricos, o que acontece agora com o Protocolo de Quioto, em vigor até 2012, ainda que sem compromisso por parte dos EUA.
Entretanto, quatro países avançaram já com a proposta de "fundos verdes" destinados aos países que já lutam com problemas devidos ao aquecimento global. O Reino Unido, a Austrália, o México e a Noruega não avançaram com quantitativos, mas o documento refere que o cálculo do contributo a fazer por cada país deve ter em conta as emissões, a população e o produto interno bruto. Os Estados Unidod fizeram saber ontem que contribuirão para um fundo de ajuda aos países pobres, mas não o farão por "sentimento de culpa ou para reparar danos".
* COM AGÊNCIAS