Plano de reestruturação da RTP admite "despedimento coletivo" se rescisões amigáveis falharem
A administração da RTP encara a possibilidade de avançar para um processo de "despedimento coletivo" se o plano de rescisões amigáveis, entre 15 de março e 15 de maio, não surtir efeito, segundo o plano de reestruturação da empresa.
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"Será lançado um plano de rescisões amigáveis a prolongar-se entre 15 de março e 15 de maio e depois - não vislumbramos outra alternativa para atingir a redução de custos ditada pela diminuição de receitas em 2014 - será equacionada como hipótese última o despedimento coletivo", afirma a administração da RTP no Plano de Restruturação e Redimensionamento da empresa, que foi esta manhã entregue pelo ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, aos deputados e que a Lusa já consultou.
O plano assenta no pressuposto de financiamento de 140 milhões de euros decorrentes da contribuição do audiovisual (CAV) e mais 40 milhões de receitas comerciais, sendo que a equipa de Alberto da Ponte estima ainda um cenário de aumento das receitas comerciais na ordem dos 13% por ano em 2014 e 2015 para, respetivamente, 45 e 51 milhões de euros, fixando em 52 milhões de euros a previsão de receitas comerciais em 2016.
O plano de reestruturação da televisão pública prevê ainda a hipótese de se "mitigar a inevitável necessidade de rescisões" através da "mobilidade interna" e "outplacement", cujo potencial -- diz o documento - deverá ser analisado setor a setor.
Entre as novidades em relação à parte inicial do documento já noticiada pela Lusa, a administração da RTP, liderada por Alberto da Ponte, está ainda a equacionar "a possibilidade de encerramento de algumas delegações e o teletrabalho", como forma de assegurar a cobertura noticiosa e o cumprimento do serviço público de televisão e rádio.
O ministro com a tutela da RTP escusou-se hoje a quantificar quantos trabalhadores terão que abandonar a empresa, limitando-se a repetir que os custos salariais terão que sofrer um corte na ordem dos 28%, e remetendo para Alberto da Ponte a responsabilidade de esclarecer na quinta-feira, dia 14, na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação -- onde Miguel Relvas esteve esta manhã -- outros pormenores sobre o Plano.
O plano de restruturação da RTP anuncia que os custos com pessoal foram na ordem dos 78,5 milhões de euros em 2012, baixarão este ano para os 76 milhões e estagnarão nos 55 milhões a partir de 2014.
O ministro confirmou ainda que a RTP vai contrair este ano junto da banca comercial em empréstimo de 30 milhões de euros -- de um total de 42 milhões de euros admitidos pelo Governo há meses e que podem vir a ser necessários - para levar a cabo o plano entregue ao governo na passada terça-feira ao fim da tarde.
"Este plano foi ontem aprovado em sede própria. Foi-me entregue e por mim validado sem alterações e caucionado politicamente", anunciou esta manhã Miguel Relvas.
"Nas horas difíceis por que todos passamos, não é mais possível que ao Orçamento do Estado seja retirada uma parcela para suprir desequilíbrios financeiros e operacionais da RTP. Se tal sucedesse seria incompreensível para os portugueses, a quem se pede tantos sacrifícios", acrescentou.
"Este esforço prossegue o plano de transformação já iniciado pelo conselho de administração para a contenção orçamental e que tem passado por cortes nos custos de grelha, por rescisões amigáveis e por reduções salariais", disse ainda Miguel Relvas.