Os dados preliminares de um estudo sobre a vacina experimental RTS,S, contra a malária, revelam que a imunização reduz para metade o risco de infecção em bebés com idades compreendidas entre os cinco e dos 17 meses.
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Para o próximos ano são esperados novos resultados provisórios e, em 2014, deverão chegar os dados definitivos. Caso se confirme a eficácia e segurança, a primeira vacina contra a malária seria uma realidade para 2015.
O ensaio, iniciado em 2009, será determinante para o futuro de uma vacina contra a malária, que seria administrada juntamente com um conjunto de medidas de controlo do paludismo, como a distribuição de redes contra mosquitos e insecticidas.
O estudos envolve 15460 crianças de sete países africanos e trata-se da maior investigação alguma vez realizada com um fármaco deste género.
Estes resultados foram publicados no "The New England Journal of Medicine", um ano após a aplicação de três doses da vacina experimental a seis mil crianças. "Se não houver nenhum imprevisto", refere a nota editorial da revista, a vacina contra a malária "deve estar disponível nos próximos três anos".
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que poderia recomendar a aprovação da vacina para distribuição em África, em 2015, se os resultados corresponderem às expectativas dos investigadores.
Segurança e eficácia da vacina
Segundo o diário espanhol "El Mundo", estes novos dados referem que a vacina tem uma eficácia de 56% na redução de casos de malária clínica. A protecção frente à malária severa foi de 47%. Até agora, os resultados são consistentes com os obtidos em fases anteriores do ensaio.
"Estes resultados mostram o poder de trabalhar com sócios na criação de uma vacina contra a malária, que tem o potencial de proteger milhões de crianças de uma doença devastadora", afirmou Bill Gates no Fórum da Malária, realizado todos os anos em Seattle, nos Estados Unidos.
A doença causa 800 mil mortes e regista cerca de 225 milhões de casos todos os anos, revela a OMS, e supõe-se que seja um dos principais obstáculos ao desenvolvimento económicos das regiões onde é considerada endémica.
A maioria das mortes regista-se em crianças menores de cinco anos de idade, na África subsariana. Por outro lado, nas regiões com medidas completas para controlo e prevenção da doença, o número de casos tem reduzido gradualmente.
No início do desenvolvimento da RTS,S, na década de 80, os especialistas questionavam a possibilidade de criação de uma vacina. Nos últimos 25 anos foi possível confirmar que o fármaco protege crianças e adultos e que pode ser incluído no calendário internacional de vacinação.