A proibição do aborto em Espanha juntou, este sábado, em Lisboa, dezenas de manifestantes, portugueses e espanhóis, que mostraram a sua indignação exibindo cabides de arame para simbolizar a violência do aborto ilegal.
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"Não há direitos sociais e cívicos garantidos. Tudo o que nos foi dado pode ser retirado. Só a vigilância e a unidade pode fazer frente", disse ao microfone Luísa Rego, da plataforma organizadora do protesto que foi convocado por várias associações, como a APF - Associação para o Planeamento Familiar, Associação ILGA Portugal, Panteras Rosa, UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta ou SOS Racismo.
Em frente à embaixada de Espanha, os manifestantes penduraram cabides com inscrições como "aborto clandestino nunca mais" e ergueram uma faixa lilás, a cor do feminismo, dizendo "Solidariedade com as mulheres de Espanha. Direito ao aborto legal e seguro. Não à lei Gallardón".
A maioria dos manifestantes eram portugueses, quase metade homens, mas algumas espanholas residente em Portugal juntaram-se também ao protesto: "Viemos porque estamos indignadas com esta proibição do aborto e queremos evitar que avance. As mulheres vão sempre fazer abortos, proibidos ou legais", defendeu a espanhola Verónica Garcia.
A lei Gallardón, que pretende que o aborto volte a ser um delito em Espanha, é um "recuo inadmissível" para Duarte Vilar, da APF, que lembra que não é por se dificultar o seu acesso que as mulheres deixam de interromper a gravidez.
A reforma da lei espanhola do aborto foi proposta pelo Governo do Partido Popular (PP, de centro-direita) e restringe o aborto aos casos de violação e de risco para a saúde física ou psíquica da mulher.
Também em Espanha e em outras cidades da Europa, milhares de pessoas, segundo a Agência Efe, voltaram a sair à rua para se manifestarem contra a proibição do aborto.