Guisete Parente comunica com a família pelo Facebook e WhatsApp. Ensaios da oficina de teatro são online.
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A mão de Guisete Parente, de 89 anos, segura o rato do computador sobre um tapete azul vivo, em forma de globo terrestre. A imagem descreve, por si só, a sua ligação ao Mundo através da Internet. Aprendeu a lidar com as novas tecnologias através do projeto "Sénior +" na Escola Secundária de Monserrate de Viana do Castelo. E, a três meses de cumprir 90 anos, comunica com família e amigos através do Facebook (e do WhatsApp no telemóvel), faz vídeos, edita-os no Movie Maker e publica-os nas redes sociais.
Também usa o Paint (da Microsoft) para fazer desenhos, que parecem pinturas e que enquadra e pendura nas paredes do escritório. À noite joga dominó no PC, envia e responde a emails, e faz pesquisas no Google.
"A Internet é um mundo. É um entretenimento. Como vivo sozinha, faz-me companhia", diz Guisete Parente, que também participa numa oficina de teatro. A Activa Sénior, do Teatro do Noroeste-CDV, que nasceu em 2012 e integra 16 idosos entre 65 e 89 anos. E que, por causa da pandemia, faz a atividade online.
Guisete começou a comunicar em grupo através de videochamada no Facebook. "Mato as saudades da nossa partilha. Quando nos encontramos ficamos todos muito contentes, mas este afastamento tem de ser", diz a "super-avó tecnológica", confessando: "Passo muitas horas na Internet. Agora com a pandemia passo mais. À noite estou sempre". Mas avisa: "Melhor companhia que a Internet, só o meu gato Romeu".
Elisabete Pinto, diretora do Teatro do Noroeste-CDV, coordena aquela oficina com "ensaios" online às terças-feiras à tarde e surpreende-se com as competências dos seniores. "Para mim foi incrível perceber como é que pessoas com 70 e 80 anos dominam as tecnologias. O digital ocupou um espaço muito importante na vida deles".
"Mesmo antes de criarmos o grupo, os idosos já acompanhavam a nossa programação e faziam comentários. Já estavam nas redes". E conclui: "Nunca ninguém quer ir embora da "sala" dos encontros de grupo. Despedem-se todos uns dos outros, um por um, e há sempre alguém que quer ficar para o fim".