Twitter fecha escritórios até segunda-feira sem aviso prévio ou justificação
O Twitter informou os funcionários do fecho da sede da empresa, nos EUA, com efeitos imediatos e até 21 de novembro. Muitos trabalhadores, agastados com a gestão do novo dono, Elon Musk, estão a deixar a empresa.
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Uma mensagem curta enviada aos trabalhadores apanhou milhares de pessoas de surpresa. "Com efeitos imediatos, encerramos temporariamente os escritórios e todos os cartões de acesso serão suspensos. Os edifícios reabrem na segunda-feira, 21 de novembro", lê-se num email enviado aos funcionários do Twitter esta sexta-feira e a que o canal de televisão britânico BBC teve acesso.
"Por favor respeitem a política da companhia, refreando-se de discutir assuntos confidenciais ou informação da empresa nas redes sociais, com a Imprensa ou outros locais", lê-se ainda na mensagem, que não avança qualquer explicação para o fecho "temporário" dos escritórios.
O anúncio é revelado num altura em que surgem relatos de demissões em massa no Twitter, de trabalhadores agastados com a política laboral do novo dono. A empresa despediu cerca de 3700 funcionários, metade da força laboral da empresa no momento em que Elon Musk a comprou, há cerca de três semanas, e exortou os que ficam a "trabalhar longas horas a um ritmo elevado" ou a sair.
Num email enviado aos funcionários, Musk disse que "tinham de ser extremamente empenhados" ou deixar a empresa, noticiou o jornal norte-americano "The Washington Post". Quem não assinou os novos termos de trabalho intensivo e de horário alargado até quinta-feira, dia 17, receberá três meses de indemnização e via verde para fora da empresa do pássaro azul.
Segundo a agência Reuters, entre os cerca de 3500 trabalhadores que escaparam ao machado de Elon, cresce o descontentamento e a vontade de sair. Um inquérito realizado através da aplicação Blind, que permite aferir anonimamente o estado de espírito os trabalhadores, 42% dos 180 que responderam ao inquérito disseram que escolhiam a opção "vou embora, sou livre", enquanto 25% dizia aceitava "ficar relutantemente". Apenas 7% respondeu afirmativamente ao pedido de Musk de ficar e trabalhar mais horas e mais arduamente.
Não há uma estimativa concreta das pessoas que deixaram, deixarão ou tencionam deixar o Twitter. Nos últimos dias, mais de 500 funcionários escreveram mensagens de adeus naquela rede social e crescem temores de que a saída de engenheiros responsáveis pela correção de problemas ou pela prevenção de quebras de serviço possa afetar a plataforma nos próximos dias.
Sob o lema #LoveWereYouWorked (AdoreiOndeTrablhaste) e um emoji a fazer continência, muitos funcionários usam o Twitter para sinalizar o adeus à empresa, agastados com a "muskulada" política laboral da empresa. "Acredito que quando a poeira assentar provavelmente restarão menos de duas mil pessoas no Twitter", disse um ex-trabalhador, sob anonimato, à BBC.
"Não quis trabalhar para uma pessoa que nos ameaçou com emails várias vezes quando eu já trabalhava 60 a 70 horas por semanas", disse outro funcionário, também sem revelar a identidade, que deixou o Twitter ainda antes das novas diretrizes de Elon Musk serem conhecidas. O dono da empresa já tinha decretado o fim do teletrabalho, alegando que trabalhar remotamente não era tão produtivo.
No meio do turbilhão que rodeia a empresa, Musk não perece incomodado. "Os melhores ficam. Não estou super preocupado", tuitou o dono a empresa.
The best people are staying, so I"m not super worried
- Elon Musk (@elonmusk) November 18, 2022
"E entretanto... atingimos um novo máximo no twitter", escreveu recentemente, também naquela rede social.
Frank Lesser, respondeu, com ironia. "Roma nunca brilhou tanto à noite, Nero", escreveu aquele sátiro dos tempos modernos agraciado com um Emmy pelo trabalho no programa humorístico "Colbert Reoprt", em alusão à história de que o antigo imperador assistiu ao incêndio que devastou a antiga capital do império romano enquanto tocava lira, vendo a cidade desaparecer em chamas, no ano de 64 dc.
A entrada no Twitter do homem mais rico do Mundo, com uma fortuna de mais de 220 mil milhões de euros, equivalente à riqueza produzida em Portugal durante um ano, coincidiu o despedimento de milhares de trabalhadores.
No dia em que entrou na empresa, a 28 de outubro, quatro executivos de topo saíram, incluindo o diretor-geral, Parag Agrawal. Segundo os media internacionais, a chegada de Musk significou o adeus ainda para o diretor financeiro, Ned Segal, e para o chefe do departamento legal, Vijaya Gadde, reporta o jornal indiano "The Hindu Times". Segundo o norte-americano "The New York Times", o conselheiro geral, Sean Edgett, e a diretora das relações com os clientes, Sarah Personette, também foram despedidos.