Ian Frazier e o já falecido investigador Jian Zhou foram os grandes vencedores do Prémio de Popularidade dos "European Inventor Award", os "Óscares" europeus para a inovação anunciados, esta quinta-feira, em Paris.
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A importância da vacina contra o HPV (papilomavírus humano), que já protegeu 125 milhões de raparigas do cancro do colo do útero, associado a esta infeção sexualmente transmissível, já estava mais que provada com a sua implementação em diversos países pelo mundo inteiro (incluindo Portugal), desde 2006. Agora chega a validação desse facto, com a atribução do Prémio de Popularidade a Ian Frazier e a Jian Zhou (já falecido) na edição 2015 dos "European Inventor Award", os prémios europeus para a Tecnologia e Inovação, esta quinta-feira, em Paris.
A dupla australiana e chinesa conseguiu amealhar 32% dos mais de 47 mil votos registados online, numa categoria decidida pelo público em geral e em que participam os quinze inventores e/ou equipas. Esta vitória é representativa, bem como o é o universo de votos: os vencedores do ano passado, os japoneses responsáveis pela invenção do QR Code, conseguiram reunir 29% da preferência dos votantes, numa eleição em que participaram metade dos utilizadores que decidiram votar este ano.
Ian Frazer fez-se acompanhar na cerimónia pela víuva de Zhou, Xiao Yi Sun, que ajudou no processo de criação desta vacina e que protagonizou o momento mais emocionado da cerimónia. "Este prémio traz-me emoções muito fortes. Por um lado, queria que o meu marido estivesse aqui para ver o seu trabalho reconhecido. Ao mesmo tempo, estou muito orgulhosa do impacto que o legado dele deixou. Esperamos que o seu trabalho continue a inspirar as próximas gerações", declarou.
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Esta invenção não conseguiu, no entanto, sair vencedora na categoria principal para que estava nomeada. O prémio que homenageia inventores não-europeus foi atribuído aos japoneses Sumio Iijima, Akira Koshio e Masako Yudasaka, responsáveis pela descoberta dos nanotubos de carbono, uma forma estrutural deste componente anteriormente desconhecida e que é, atualmente, utilizada em diversas áreas, como a biomedicina ou a engenharia computacional.
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Um dos prémios mais cobiçados do evento, o Prémio de Carreira, foi parar às mãos do suíço Andreas Manz, o "pai" do conceito de "laboratório de bolso". Manz desenvolveu a tecnologia que permite realizar análises em aparelhos móveis e com resultados obtidos em segundos e as bases que lançou nesta área ajudam, por exemplo, os doentes diabéticos a analisar os seus níveis de glucose em casa, de forma simples e rápida, sem necessidade de recorrer a um centro de saúde ou laboratório.
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No que diz respeito à Indústria, Franz Amtmann e Philippe Maugars foram os grandes vencedores, com o seu contributo para o desenvolvimento da "Near Field Communication" (qualquer coisa como comunicação em proximidade), uma tecnologia que permite a transferência de dados segura entre dispositivos móveis, sem qualquer tipo de contacto físico entre si (e que já vai tendo algumas aplicações em Portugal). A dupla, bastante nervosa e sorridente, agradeceu o prémio. "Finalmente a nossa família, amigos e vizinhos entendem o que fazemos", brincou Philippe Maugars.
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No campo das pequenas e médias empresas, o destaque recaiu sobre Laura van't Veer, da Holanda, que inventou um teste baseado em análises genéticas de tecido que oferece a possibilidade a mulheres com cancro da mama de saberem se têm ou não risco de terem uma recaída e se a quimioterapia é necessária. Esta opção de tratamento localizado já ajudou mais de 40 mil mulheres em tratamento e impede que, hoje em dia, 20 a 30% de mulheres afetadas sejam sujeitas a quimioterapia desnecessariamente. Visivelmente emocionada, Laura dedicou o prémio a "todos os pacientes diagnosticados com cancro de mama". "É por vocês que trabalho todos os dias, para tornar a vossa vida um pouco melhor", explicou.
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Finalmente, na categoria de Investigação foi o francês Ludwik Leibler que levou a melhor, com a sua nova classe de plástico, que poderá tornar as montanhas de plástico que poluem o nosso planeta numa coisa do passado. O material que Leibler criou pode ser reparado com facilidade e é totalmente reciclável, possuindo algumas das propriedades físicas do vidro quando está no estado sólido e sendo totalmente moldável quando aquecido. Emocionado, Ludwik confessou em palco que escolheu a "investigação para ter liberdade de criação e trabalhar com pessoas brilhantes".
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A edição de 2015 dos "European Inventor Award" decorreu esta quinta-feira, em Paris, e contou com cerca de 400 convidados, servindo para homenagear o que de melhor se faz no campo da inovação a nível europeu (e não só). Os prémios são atribuídos pelo "European Patent Office", o Instituto Europeu de Patentes.