Os japoneses Masahiro Hara e Takayuki Nagaya, inventores do QR Code, levaram para casa o prémio de popularidade nos "Oscars Europeus da Tecnologia e Inovação", um evento que homenageou Artur Fischer, o "rei das invenções", com o prémio de carreira.
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Os europeus adoram usar QR Code, os "quadrados mágicos" que têm substituído os códigos de barras. Se dúvidas havia, estas foram dissipadas na cerimónia dos "European Inventor Award", que decorreu esta terça-feira, em Berlim.
Dos quinze inventores (e equipas) a concurso pelo prémio de popularidade, 29% dos europeus que participaram nas votações online escolheram Masahiro Hara e Takayuki Nagaya, japoneses responsáveis pelo QR Code. A vitória foi celebrada de forma efusiva pela equipa, que prometeu em palco trazer mais inovação ao código que inventaram durante os próximos tempos.
Esta inovação, tão presente no nosso dia-a-dia, não ganhou, no entanto, na categoria principal em que estava nomeada. O vencedor na categoria que prestava homenagem a inventores de países não-europeus foi Charles W. Hull, cujo trabalho com luzes ultravioleta acabou por tornar possível as impressoras 3D atuais.
O prémio carreira foi para as mãos do "rei das invenções", Artur Fischer, um dos mais bem sucedidos inventores de todos os tempos. Com mais de mil patentes no currículo, Fischer é, sobretudo, conhecido como o inventor das buchas, usadas para fixar parafusos em furos, mas ainda hoje, e aos 94 anos, tenta bater o recorde de patentes de Thomas Edison. Apesar da idade avançada, o alemão subiu ao palco para agradecer a distinção e a ajuda de todas as pessoas que o ampararam em todas as invenções, ao longo dos anos. "Este é um dos maiores presentes que já me ofereceram nesta longa vida que levei", disse, emociado. "Criamos riqueza nos nossos corações. A invenção vem da alma. A criança que há em nós tem de continuar viva, se queremos enriquecer as nossas vidas. E a maior riqueza que podemos dar a uma criança é a riqueza do espírito e o dom de saber brincar, pois levamos da infância as nossas maiores qualidades", garantiu, entre aplausos.
Na categoria de "Indústria", Koen Andries e Jérôme Guillemont, a dupla belga-francesa que conseguiu diminuir de forma significativa o tempo de tratamento da tuberculose, foi a grande vencedora. Andries aproveitou o discurso de vitória para relembrar que a sua invenção demorou a chegar a quem precisa pois há pouca aposta em doenças que afectam o terceiro mundo. "Vejo este prémio como uma inspiração para todos os que não deixam de tentar cobrir as necessidades médicas dos mais desfavorecidos", garantiu.
No "campeonato" da investigação, foi o britânico Christofer Toumazou que levou para casa o prémio, com o seu microchip capaz de analisar ADN de forma rápida, que deteta desvios e problemas genéticos em minutos (e sem necessidade de recorrer a um laboratório). O investigador agradeceu a inspiração para a invenção que lhe foi dada pelo filho, que "perdeu os rins por causa de uma doença genética, aos 9 anos".
Finalmente, Peter Holme Jensen e restante equipa conseguiram levar a melhor na categoria que premiava ideias inovadoras advindas de pequenas e médias empresas. Para o conseguir, a equipa dinamarquesa criou uma invenção química que permite processar água na sua forma mais pura, sem consumir muita energia, podendo ajudar, em teoria, 1.5 mil milhões de pessoas sem acesso a água potável.
A edição de 2014 dos European Inventor Award decorreu esta terça-feira de manhã, em Berlim, e contou com cerca de 500 convidados, servindo para homenagear o que de melhor se faz no campo da inovação a nível europeu (e não só). Os prémios são atribuídos pelo Instituto Europeu de Patentes.