Projeto desenvolvido pela CESPU no Agrupamento de Escolas de Cristelo transforma estudantes em cientistas. Trabalho entusiasma os participantes.
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Alunos do 9.° e do 12.° anos do Agrupamento de Escolas de Cristelo, no concelho de Paredes, transformaram-se em verdadeiros cientistas, analisaram solos e, em ambiente laboratorial, ajudaram na busca de um novo antibiótico, orientados por um grupo de “professores”, alunos universitários da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU).
O projeto MicroMundo chegou a Portugal em 2018 e funciona atualmente em 35 países. Desde 2021 foi abraçado pela CESPU, e tem sido levado até aos alunos do Agrupamento de Escolas de Cristelo.
Vestidos com batas brancas e de luvas, os alunos trabalham nas bancadas do laboratório, analisando as amostras de solos que trouxeram de casa, na esperança de obter um resultado promissor para a criação de um novo antibiótico. Participaram 49 alunos, divididos por quatro turmas, duas do 9.°ºano e duas do 12.° ano, orientados por um grupo de 29 estudantes universitários.
“Foi incrível, descobri emoções que não tinha por esta matéria e percebi que, se calhar, posso ter um futuro promissor nesta área”, disse Nadine Coelho. “Foi muito divertido, foram aulas diferentes que nos ajudaram a conhecer mais. Sentimo-nos uns cientistas”, frisou Diana Moreira.
“Este projeto tem múltiplos objetivos, nomeadamente combater a problemática da resistência aos antibióticos, aumentar a literacia nesta problemática e fazer uma verdadeira experiência de investigação na escola, em que tentamos descobrir um novo antibiótico”, explicou Ana Raquel Freitas, professora de Microbiologia e Bacteriologia na CESPU, que desenvolve o projeto com mais duas docentes, Carla Miranda e Sandra Quinteira.
Amostras de solo
O primeiro passo é dado na universidade, onde é formado um grupo de alunos universitários, a nível teórico e laboratorial sobre o funcionamento do projeto. Depois, são estes que dão as aulas na escola, procurando despertar nos alunos o interesse pela investigação.
“Outro dos objetivos do projeto é aumentar o interesse nas ciências experimentais que está em declínio, na Europa e em Portugal, em favor de outras ciências exatas, como a matemática, engenharias”, referiu Ana Raquel Freitas.
Para a concretização do projeto, os alunos são desafiados a trazer de casa amostras de solo, processadas depois ao longo de quatro sessões, de modo a avaliar a respetiva biodiversidade. “Há mais de oito mil milhões de organismos vivos num pequeno pedaço de solo e dois terços dos antibióticos disponíveis provêm de bactérias e fungos isolados dos solos”, é explicado.
“Com isto, levamos os alunos a perceber que a investigação não é um mito, que até pode ser uma coisa engraçada, porque eles fazem mesmo experiências em laboratório”, referiu a docente, dando nota de que, no ano passado, tiveram “imensos casos positivos e foi o ano mais rico de todos, muito promissor”.