Nove dias consecutivos de bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, relatos de terror e fuga, na sequência do ataque perpetrado pelo braço armado do grupo rebelde palestiniano Hamas, no passado sábado, no sul de Israel. Acompanhe aqui os principais acontecimentos da escalada do conflito.
Corpo do artigo
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, garantiu este domingo que a passagem de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, "será aberta" para facilitar a entrada de ajuda humanitária destinada aos palestinianos cercados naquele enclave.
"Rafah será aberta", afirmou Blinken, em declarações aos jornalistas que o acompanhavam após reunir-se no Cairo com o Presidente egípcio, Abdelfatah al-Sisi.
"Estamos a definir, em cooperação com a ONU, o Egito, Israel e outros, um mecanismo para levar a ajuda a quem dela necessita", disse o chefe da diplomacia norte-americano, num comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.
Na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas e ao qual Israel impôs um cerco total, cortando o abastecimento de água, combustível e eletricidade, a forte retaliação israelita matou até agora mais de 2670 pessoas, incluindo mais de 700 crianças, e feriu pelo menos 9600.
A ONU alertou para o facto de os hospitais de Gaza apenas terem 24 horas de reservas de combustível.
"O encerramento dos geradores de reserva colocaria em risco a vida de milhares de pacientes", declarou o gabinete humanitário da ONU, em comunicado.
Esta decisão surge depois de várias agências humanitárias terem pedido acesso a Gaza para fornecer assistência humanitária, incluindo combustível e água.
Este domingo, Ghassan Abu Sitta, cirurgião britânico-palestiniano que trabalha nos Médicos Sem Fronteiras em Gaza, alertou para o facto de o pessoal do hospital não dispor de equipamento suficiente para ajudar as pessoas.
No que diz respeito a material médico, "consumimos um mês ou um mês e meio (...) todos os dias" desde o início do escalar do conflito, relatou Abu Sitta à BBC.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ao Hamas para que liberte os prisioneiros sem condições e a Israel para que permita o acesso rápido e sem entraves da ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
"Cada um destes dois objetivos é válido em si mesmo. Não devem tornar-se moeda de troca e devem ser implementados porque é a coisa certa a fazer", afirmou Guterres, num comunicado.
"Gaza está a ficar sem água, eletricidade e outros bens essenciais. As Nações Unidas dispõem de reservas de alimentos, água, artigos não alimentares, material médico e combustível. Estes bens podem ser enviados em poucas horas", afirmou.
"Para garantir a entrega, o nosso pessoal dedicado no terreno, juntamente com as ONG parceiras, tem de ser capaz de levar estes bens para Gaza e através dela, em segurança e sem impedimentos, para que possam ser entregues aos necessitados", acrescentou.
Israel ordenou a evacuação de 21 hospitais em Gaza, segundo a Organização Mundial de Saúde. A OMS acrescentou que quatro hospitais no norte da Faixa de Gaza já não estão a funcionar devido a danos e ataques.
"A evacuação forçada de hospitais pode constituir uma violação do Direito Internacional Humanitário", declarou a OMS.
Benjamin Netanyahu assegura que “monstros sangrentos” serão eliminados. Ministro da Defesa israelita alerta que conflito irá “mudar situação para sempre”.
Leia mais aqui.
O número de mortes causadas pelos ataques israelitas na Faixa de Gaza subiu para 2670, segundo uma atualização divulgada pelo Ministério da Saúde local. Há ainda 9600 pessoas feridas.
Em oito dias, este número supera o número de mortos durante os 51 dias da guerra de 2014, frisa o ministério palestiniano.
Do lado israelita, o governo indicou este domingo que mais de 1400 pessoas foram mortas em Israel desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro, enquanto o Exército dá conta de 126 reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano. Os números divulgados pelo gabinete de imprensa do Governo israelita referem ainda 3500 pessoas feridas.
A investigadora Sandra Fernandes aponta o que poderá explicar o impasse na invasão israelita à Faixa de Gaza, mas descarta que este se deva a uma tentativa de proteger os reféns. Considera que uma operação em larga escala é essencial para limpar a imagem de Netanyahu, colocando em cima da mesa a anexação do território.
Leia a entrevista ao JN aqui.
Milhares de pessoas por todo o mundo, de diferentes origens e idades, manifestaram o seu apoio à Palestina com gritos de resistência e orações. Acusam Israel de genocídio após os bombardeamentos a casas, escolas e hospitais e o corte do abastecimento de água, alimentos e energia a Gaza. Veja a fotogaleria aqui.
O número de mortos na Faixa de Gaza subiu para 2450 e o de feridos ascende a 9.200 desde o início dos ataques de retaliação das Forças Armadas israelitas, segundo o Ministério da Saúde local.
Em oito dias, este número supera o número de mortos durante os 51 dias da guerra de 2014, frisa o ministério palestiniano.
Do lado israelita, o governo indicou este domingo que mais de 1400 pessoas foram mortas em Israel desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro, enquanto o Exército dá conta de 126 reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano. Os números divulgados pelo gabinete de imprensa do Governo israelita referem ainda 3500 pessoas feridas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu-se pela primeira vez com representantes das famílias de israelitas sequestrados pelo Hamas e garantiu-lhes que a sua libertação é um dos objetivos da operação militar na Faixa de Gaza.
"Garantiram-nos que um dos objetivos da guerra é trazê-los de volta a casa", explicou o porta-voz Dodi Zalmanovich, citado pelo diário israelita Haaretz, depois do encontro com o Comando da Frente Doméstica na base militar de Ramla.
Além disso, explicou que lhes foi transmitida "a clarificação por parte do primeiro-ministro de que esperar pelo final dos combates não corresponde ao que ele pensa".
"As famílias pedem que se adote qualquer ação necessária contra os líderes do Hamas e contra os líderes dos países árabes que podem influenciá-los para conseguir a sua libertação imediata", acrescentou.
Por seu lado, o ministro da Cultura e Desporto do Governo de Netanyahu, Miki Zohar, pediu desculpas às famílias em nome do executivo pelo ataque das milícias do grupo islamita Hamas em 7 de outubro.
"O Governo, o Estado, não estava preparado para um ataque como este", afirmou Zohar em declarações à rádio do exército israelita.
"Em nome do Governo de Israel e em nome de todo o Estado de Israel pedimos que nos perdoem pelo que se passou. Porque a responsabilidade é do Governo de Israel e do Estado de Israel no seu conjunto", acrescentou.
O Exército de Israel confirmou, este domingo, que 155 pessoas estão reféns do Hamas na Faixa de Gaza desde o ataque da semana passada.
"Estamos a fazer esforços colossais para a libertação dos reféns", garantiu Daniel Hagari, um porta-voz militar, em conferência de imprensa, na qual especificou que foram feitos contactos com as famílias de "155 reféns".
Mais de mil pessoas estão desaparecidas sob os escombros dos edifícios destruídos em Gaza, segundo a defesa civil palestiniana.
O presidente israelita Isaac Herzog revelou, numa entrevista à CNN citada pelo "Haaretz", que o Hamas preparou um manual para capturar reféns, que inclui instruções para as várias fases do processo de rapto. O manual foi descoberto no corpo de um dos terroristas do grupo, encontrado em território israelita.
De acordo com Herzog, o manual detalha as diferentes fases do rapto, instruindo os raptores a criar o caos e a incutir o medo, vendando os prisioneiros, usando choques eléctricos e executando qualquer pessoa que represente uma ameaça ou tente desviar a atenção. O guia também aconselha os terroristas a utilizarem os reféns como escudos humanos, sublinhando que não devem ser feitas distinções com base na religião, raça ou género.
Além disso, o manual inclui uma secção que explica a estrutura hierárquica das IDF e várias das suas capacidades de guerra.
Os membros do Conselho Europeu reconheceram, este domingo, o direito de Israel a defender-se, mas sublinharam que a resposta deve estar alinhada com "o direito humanitário e internacional" e que deve "garantir-se a proteção de todos os civis".
Os líderes dos 27 fixaram assim "a posição comum da União Europeia" perante o conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas, divulgada em comunicado prévio à cimeira extraordinária que decorre na terça-feira para abordar a crise no Médio Oriente.
No comunicado conjunto, a União Europeia (UE) "condena nos termos mais enérgicos possíveis o Hamas e os seus ataques terroristas brutais e indiscriminados em Israel" e deplora "profundamente" a perda de vidas humanas. "Não há justificação para o terror", reiteram os 27.
Nessa linha, insistem "firmemente no direito de Israel a defender-se em consonância com o direito humanitário e internacional face a estes ataques violentos e indiscriminados".
As forças de Defesa israelitas abriram um novo corredor de evacuação de civis, que tem como destino Khan Younis e que só estará aberto até às 13 horas locais (11 horas em Portugal continental). Israel abstém-se de “qualquer ataque durante o prazo estabelecido", disse um porta-voz, voltando a apelar às populações do norte da Faixa de Gaza que abandonem a região.
Bom dia. Acompanhe aqui, em formato minuto a minuto, toda a informação relevante sobre a ofensiva israelita em curso na Faixa de Gaza, justificada pelas forças do país com o ataque perpetrado contra Israel pelo braço armado do grupo rebelde palestiniano Hamas, no poder no território desde 2007, no dia 7 de outubro.
No sábado, o primeiro-ministro israelita não deixou dúvidas sobre os passos a seguir: conversando com soldados posicionados na fronteira com Gaza, Benjamin Netanyahu confirmou que o início "da nova fase", referindo-se a uma invasão terrestre da Palestina, operação que ainda não aconteceu, mas poderá acontecer em breve. O Exército israelita também comunicou ontem estar preparado para as "próximas fases da guerra" contra o Hamas, que podem incluir "ataques pelo ar, mar e terra".
As ações de Israel em Gaza após o ataque do Hamas foram "além do âmbito da autodefesa" e esse governo deve "cessar a punição coletiva à população", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, no sábado, num telefonema com o homólogo saudita, o príncipe Faisal bin Farhan.
"Nenhuma das partes deve tomar quaisquer medidas que agravem a situação, e todas as partes devem voltar à mesa de negociações o mais rápido possível", de acordo com um comunicado divulgado este domingo.
"As partes não devem tomar quaisquer medidas que levem a uma escalada da situação", insistiu Wang Yi, defendendo a abertura de "negociações".
Este domingo, a emissora estatal chinesa CCTV anunciou que o enviado da China para o Oriente Médio, Zhai Jun, visitará a região na próxima semana para promover um cessar-fogo e negociações de paz.
Israel está a retomar o abastecimento de água no sul da Faixa de Gaza, disse o ministro da Energia, Israel Katz, enquanto um milhão de pessoas já deixaram o norte deste território para escapar a um ataque aéreo maciço.
"Isto vai empurrar a população civil para o sul da Faixa", declarou Katz em comunicado, uma semana depois de Israel ter interrompido o abastecimento de água a todo o território, no âmbito de um "cerco total" imposto ao enclave palestiniano.
Do lado israelita
O Governo israelita indicou hoje que mais de 1400 pessoas foram mortas em Israel desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro, enquanto o Exército dá conta de 126 reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano. Os números foram divulgados hoje pelo gabinete de imprensa do Governo israelita, que informou também que 3500 pessoas ficaram feridas no mesmo período.
A maioria das mortes provocadas pelo ataque surpresa do Hamas, que incluiu o disparo de milhares de foguetes e um massacre de várias comunidades israelitas adjacentes à Faixa de Gaza, diz respeito a civis. Entre as vítimas mortais, estão também 286 soldados, adiantou o Exército, enquanto prosseguem os esforços para identificar centenas de outros corpos.
Do lado palestiniano
Em nove dias, os ataques israelitas na Faixa de Gaza mataram pelo menos 2329 palestinianos, quase todos civis, e deixaram feridos pelo menos 9042, na impiedosa resposta israelita ao ataque do Hamas, de acordo com os números divulgados hoje pelo Ministério da Saúde palestiniano.
Voltaram a soar sirenes, ao início da tarde, em Telavive. As brigadas Al-Qassam, um dos braços armados do grupo islamita Hamas, anunciaram, via Telegram, que estão a fazer bombardeamentos na cidade "em resposta aos massacres sionistas".
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou, este domingo, que o posto fronteiriço de Rafah, entre Gaza e o Egipto, "estará aberto" para a entrada de ajuda no território palestiniano, que está sob bloqueio israelita.
"Estamos a criar, em conjunto com as Nações Unidas, o Egito, Israel e outros países, o mecanismo necessário para que a assistência chegue às pessoas que dela necessitam", declarou Blinken aos jornalistas.
Blinken disse também que os Estados Unidos tinham nomeado um enviado, o antigo diplomata veterano David Satterfield, para trabalhar no apoio a Gaza.
Em declarações ao jornal diário israelita "Haaretz", e citado pela agência Europa Press, o chefe da Força Aérea Israelita anunciou que os seus aviões estão a preparar as condições para uma possível intervenção terrestre em grande escala do Exército.
"Estamos a eliminar diligentemente as ameaças terrestres e aéreas e vamos adotar uma abordagem agressiva para garantir que as nossas forças armadas possam agir eficazmente durante uma operação terrestre", declarou o general Tomer Bar.
A invasão terrestre de Gaza planeada por Israel "pode levar a um genocídio de proporções sem precedentes", afirmaram os líderes da Liga Árabe e da União Africana numa declaração conjunta.
Ambas as organizações apelaram "às Nações Unidas e à comunidade internacional para que impeçam uma catástrofe que se desenrola à nossa frente, antes que seja demasiado tarde", uma vez que Israel se prepara para uma invasão terrestre na sequência do ataque surpresa do Hamas na semana passada.
Em oito dias, os ataques israelitas na Faixa de Gaza mataram 2329 pessoas, de acordo com os números divulgados hoje pelo Ministério da Saúde palestiniano. Pelo menos 9042 pessoas ficaram feridas na resposta israelita ao ataque do grupo islamita Hamas a Israel. O balanço anterior dava conta de mais de 1400 mortes em Israel e mais de 2200 na Faixa de Gaza, de acordo com fontes oficiais israelitas e palestinianas.
O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) denunciou a morte de pelo menos 12 jornalistas, mais dois desaparecidos e oito feridos desde o início do conflito entre o Hamas e as Forças Armadas israelitas, em 7 de outubro.
Entre os mortos estão dez jornalistas palestinianos, um jornalista israelita e outro desaparecido, além de um morto em ataques no sul do Líbano.
O CJP alerta para "os perigos particularmente elevados" que afetam os jornalistas na Faixa de Gaza "dado o risco de um ataque por terra das forças israelitas", assim como os "bombardeios devastadores da aviação israelita, a impossibilidade de comunicação e os contínuos cortes de energia".
A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinianos ocupados lamenta que ninguém, nem sequer o secretário-geral da ONU, António Guterres, peça às Nações Unidas um cessar-fogo no Médio Oriente.
"Não tenho qualquer indicação de que esteja a ser considerado nem ao nível do secretário-geral", disse Francesca Albanese à rede Al-Jazeera, lamentando que além dela, ninguém pediu um cessar-fogo no Médio Oriente.
"Preocupa-me porque (...) há autoridades israelitas a quererem eliminar o movimento islamita Hamas, mas o que vemos na realidade é que milhares de pessoas, incluindo crianças, são mortas ou feridas", referiu.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o herdeiro do trono saudita, Mohamed bin Salman, concordaram, este domingo, sobre a necessidade de proteger os civis no contexto do atual conflito em Gaza.
Blinken, que visita a região após o ataque sem precedentes do Hamas a Israel, conversou por mais de uma hora com o príncipe, disse uma autoridade norte-americana à agência AFP. Segundo a mesma fonte, o encontro foi descrito como "muito produtivo" por Blinken, que entretanto já viajou para o Egito.
O secretário de Estado destacou "a importância que os Estados Unidos atribuem ao fim dos ataques terroristas do Hamas, à libertação dos reféns e à prevenção da propagação do conflito", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. "Ambos afirmaram seu compromisso comum de proteger os civis e promover a estabilidade no Oriente Médio e fora dele", acrescentou.
Já Mohamed bin Salman destacou os esforços diplomáticos feitos por Riade para "acalmar a situação", indicou a agência de notícias saudita SPA. Denunciou, mais uma vez, os ataques contra civis e "interesses vitais que afetam sua vida cotidiana", insistindo na necessidade de "se alcançar uma paz justa e duradoura", completou a agência.
"O sistema de saúde de Gaza encontra-se num estado crítico. Está sob ataque, à beira do colapso, e encontramos aqui mulheres grávidas que não sabem para onde ir", disse o representante do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) nos territórios palestinianos, Dominic Allen, descrevendo um cenário de "pesadelo".
Allen referiu que estas mulheres "estão a enfrentar um desafio impensável", acrescentando que cerca de cinco mil das grávidas deverão dar à luz no próximo mês.
"Imaginem passar por esse processo na fase final e no último trimestre antes de dar à luz, com possíveis complicações, sem roupa, sem higiene, sem apoio e sem saber o que o próximo dia, a próxima hora, o próximo minuto trará para elas e para o seu filho por nascer", acrescentou.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em ingês) disse à agência de notícias France-Presse que cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas internamente nos primeiros sete dias desde o início da nova ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em resposta ao ataque do Hamas no dia 7 de outubro. "É provável que o número aumente à medida que as pessoas continuem a abandonar as suas casas", acrescentou a diretora de comunicação da agência, Juliette Touma.
Israel instou os habitantes do norte do território palestiniano, onde residem cerca de 1,1 milhões de pessoas (de uma população total de 2,4 milhões) a fugirem para sul, alegando estar iminente um ataque em larga escala para destruir o centro de operações do Hamas.
Entretanto, de funcionários da agência da ONU chegam relatos assustadores sobre o que se tornou a vida no enclave ao fim de dias de bombardeamentos implacáveis por parte de Israel. “Estar em Gaza nestes dias é uma questão de sobreviver, não de viver”, disse Azzam, numa mensagem de voz divulgada na rede social X (ex-Twitter).
Dezenas de vítimas palestinianas foram depositadas em valas comuns na cidade de Gaza devido ao número esmagador de vítimas e à falta de espaço nos cemitérios locais, informou a agência de notícias palestiniana Wafa.
A fotografia abaixo, do fotojornalista Mahmud Hams (da agência France-Presse) mostra corpos a serem carregados para um camião, para serem levados para um hospital na cidade de Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza. As vítimas, residentes no norte do território, foram mortas pelas forças israelitas numa casa que abrigava palestinianos deslocados internamente.
Além das duas cidadãs israelitas com passaporte português que foram encontradas mortas na sequência do ataque do Hamas a um festival de música a cerca de 10 quilómetros da Faixa de Gaza, haverá ainda quatro cidadãos luso-israelitas desaparecidos e um ferido. Citando informações da embaixada de Israel em Portugal, a CNN Portugal avança que os quatro desaparecidos são Moshe Sadyaan, de 26 anos, Gilad Bem Yehuda, de 28, Idan Shtivi, de 28, e Orin Bira, de 53. Menachem Hillel Ben Kalifa, de 22 anos, está internado num hospital em Jerusalém.
"Os civis e as infraestruturas civis, incluindo os trabalhadores e os bens humanitários, têm de ser protegidos", sublinhou hoje o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, em comunicado. O também coordenador da ajuda de emergência das Nações Unidas frisou que "até as guerras têm regras, e essas regras devem ser respeitadas, em todos os momentos e por todas as partes".
"Os civis têm de ser autorizados a partir para zonas mais seguras. E, quer se desloquem ou fiquem, há que ter o cuidado constante de os poupar. Os fornecimentos e serviços essenciais e o acesso humanitário sem entraves devem ser permitidos", enfatizou Griffiths, manifestando ainda "grande preocupação" em torno de um possível alargamento da ofensiva para o Líbano e exortando os países com influência na região a travar a escalada da violência e a extensão.
O Papa Francisco apelou hoje para que sejam organizados corredores humanitários para ajudar a população da Faixa de Gaza e para que os cidadãos israelitas feitos reféns pelo Hamas sejam libertadas. O pontífice da Igreja Católica Voltou a pedir "encarecidamente que as crianças, os doentes, os idosos, as mulheres e todos os civis não sejam vítimas do conflito" e que o "direito humanitário" seja garantido, especialmente em Gaza.
"Acompanho com grande tristeza o que está a acontecer em Israel e na Palestina e penso especialmente nos muitos pequeninos e nos idosos. Renovo o meu apelo pela libertação dos reféns e peço encarecidamente que as crianças, os doentes, os idosos, as mulheres e os civis não se tornem vítimas do conflito", disse Francisco, debruçando-se da janela do palácio apostólico para a oração do Angelus, na Praça de São Pedro. E acrescentou: "O direito humanitário deve ser respeitado, especialmente em Gaza, onde é urgente e necessário garantir corredores humanitários para ajudar toda a população".
O Hezbollah lançou mísseis contra Israel, hoje de manhã, em resposta aos ataques israelitas que mataram, na sexta-feira, um jornalista da Reuters e dois civis idosos, informou o grupo militante xiita, em comunicado. A organização paramilitar do Líbano detalhou ter atingido a cidade de Shtula, no norte de Israel, num ataque a “posições militares” com mísseis guiados de precisão, matando um israelita. A informação foi reiterada por médicos israelitas, que deram conta da morte de um homem na faixa etária dos 40 anos, além ainda de outras duas vítimas, que ficaram feridas.
O Programa Alimentar Mundial (PAM), que é a maior agência humanitária de combate à fome do mundo, está a ficar sem reservas dentro de Gaza e não consegue levar mais alimentos para o enclave, cercado pelas forças israelitas. Segundo Corinne Fleischer, diretora regional da estrutura da ONU, o Programa tem suprimentos suficientes para alimentar 1,3 milhões de pessoas na fronteira durante duas semanas, mas não há, para já, condições para os funcionários da agência humanitária responsáveis pela entrega desses alimentos entrar com segurança no território.
"Estamos em conversações com todas as partes para podermos entrar. Infelizmente, ainda não recebemos essa aprovação. Precisamos de conseguir passar a fronteira, precisamos de ter corredores de abastecimento seguros para irmos aos abrigos e distribuirmos o comida. Estamos a ficar sem tempo. As pessoas estão a ficar com fome", disse Fleischer à CNN, este domingo, relatando ainda que os funcionários do PAM na região estão "em abrigos sem comida, sem colchões, sem água, sem casas de banho e sem eletricidade".
O Exército israelita e as milícias do Hezbollah confirmaram novos confrontos na fronteira entre Israel e o Líbano, especificamente em torno da cidade israelita de Shtula. Uma pessoa morreu e três ficaram feridas. As vítimas são todas civis.
As forças israelitas indicaram, no sábado, que será dado mais tempo aos civis palestinianos para deixarem o norte de Gaza antes da esperada ofensiva por terra. O exército prossegue os planos para uma incursão terrestre no território, que não deverá acontecer no domingo, informou um porta-voz.
Entretanto, do lado norte-americano, está a ser preparado o envido de um segundo porta-aviões para o Mediterrâneo oriental. O objetivo é "dissuadir uma ação hostil contra Israel ou qualquer esforço para expandir esta guerra na sequência do ataque" do Hamas, anunciou, no sábado, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, em comunicado. O USS Eisenhower e os navios de escolta vão juntar-se a um primeiro porta-aviões, o USS Gerald R. Ford, já na região.
Mais de 133 mil palestinianos ocupam o campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito, para onde houve uma deslocação interna forçada, nos últimos dias, depois da ordem de retirada de mais de um milhão de pessoas do norte (metade crianças), dada pelas forças israelitas.
Veja aqui a fotogaleria do campo de refugiados de Rafah, sul de Gaza
Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse à CNN que matou outro comandante do Hamas, Billal al-Qedra, suspeito de ter liderado os ataques de 7 de outubro na zona de Nirim, perto de Gaza. "Isto só serve para exemplificar que temos o necessário para eliminar a liderança do Hamas... até os terroristas que invadiram, penetraram e massacraram os nossos bebés nos seus quartos. A operação está em andamento", disse o tenente-coronel Peter Lerner.
O Hamas ainda não comentou.
O correspondente da "Al Jazeera" no Médio Oriente relata, este domingo, que Israel está a conduzir operações militares também em Ramallah, a norte de Jerusalém, na Cisjordânia ocupada, onde aconteceram hoje vários ataques, resultando na detenção de mais de 50 pessoas. "Há aqui uma sensação de desconforto, não só devido aos ataques, mas também devido ao bloqueio em curso. O bloqueio contínuo na Cisjordânia ocupada está a impedir as pessoas de saírem e a restringir as viagens dentro da região", narrou Imran Khan.
"As ações de Israel ultrapassaram o domínio da autodefesa" e os dirigentes devem parar de "punir coletivamente o povo de Gaza", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, ao chefe da diplomacia da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, no sábado, de acordo com uma declaração divulgada hoje por Pequim. "As partes não devem tomar qualquer medida que possa agravar a situação", sublinhou Wang Yi, apelando à abertura "de negociações".
A televisão pública chinesa CCTV anunciou que o enviado da China para o Médio Oriente, Zhai Jun, vai visitar a região na próxima semana para promover um cessar-fogo e conversações de paz.