O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, afirmou, esta quinta-feira, em Bruxelas, que gostaria que fosse feito um reajustamento nas condições orçamentais e financeiras que acompanham o programa de ajustamento português.
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"Propus, no caso de Portugal, um reajustamento no que toca às condições financeiras e orçamentais que acompanham o ajustamento", afirmou Jean-Claude Juncker, na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em resposta a uma questão colocada pela eurodeputada socialista Elisa Ferreira.
Na resposta à deputada, o presidente do Eurogrupo afirmou ter "muitas interrogações sobre o ritmo de ajustamento que tem sido aplicado a alguns países da zona euro" e defendeu a existência de um sistema de recompensa para os países europeus que estão a cumprir os objetivos com que se comprometeram, dando como exemplo Portugal. "Um país que cumpre, atualmente, não é recompensado", disse Juncker.
Questionado, depois, pelo eurodeputado do CDS-PP Diogo Feio sobre quais as possíveis recompensas para os países cumpridores, o presidente do Eurogrupo escusou-se a dar uma resposta.
"Não vou dizer que compensações deverão ser atribuídas aos Estados-membros que tenham cumprido, como a Grécia e Portugal fazem, os programas de austeridade", disse, reiterando que, "se as orientações europeias forem seguidas, poder-se-ão compensar os esforços de todos aqueles que cumprem os programas".
Durante a sua intervenção inicial na comissão de Assuntos Económicos, Juncker fez um balanço dos progressos alcançados em 2012 pelo Eurogrupo, entre os quais o Mecanismo Europeu de Estabilidade, a adoção do Pacto Orçamental e o programa de reformas aplicado na Grécia. "Por tudo isto, no início de 2013, estamos numa situação francamente melhor do que há um ano atrás", considerou.
O presidente do Eurogrupo ressalvou, no entanto, que os próximos anos serão "muito difíceis", salientou que a "resolução dos problemas vai exigir muita coragem política" e defendeu a necessidade de, "acima de tudo, manter todos os Estados na zona euro".
Sobre a recapitalização direta dos bancos, Juncker defendeu que seja dotado de uma "certa retroatividade".
Esta foi a última vez que Juncker esteve na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu como presidente do Eurogrupo, uma vez que pediu para deixar o cargo.
Os ministros das Finanças da zona euro elegem, na reunião de 21 de janeiro, o próximo presidente do Eurogrupo.
O ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, tem sido apontando como sucessor do primeiro-ministro luxemburguês na presidência do Eurogrupo.