O embaixador de Portugal no Egito, António Tânger Correia, disse que a situação no Cairo "está calma" e reiterou que está em contacto com todos os portugueses que estão no país.
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"A situação está calma, a vida corre normalmente", afirmou o diplomata ao fazer o ponto de situação no país ao início da tarde desta quinta-feira, adiantando que "bastantes lojas estão fechadas e muitas empresas não abriram hoje", antecipando o fim de semana.
O embaixador, que reiterou estar em contactado com todos os portugueses presentes no país, disse que "não há qualquer impedimento à circulação de pessoas ou automóveis" neste momento.
No entanto, foi convocada uma manifestação da Irmandade Muçulmana para a tarde. "Vamos ver como as coisas se vão passar nessa manifestação", disse António Tânger Correia, que garantiu que a embaixada portuguesa sabe quantos portugueses estão no país e quem são.
Questionado sobre quantos portugueses vivem no Egito, que atravessa uma nova vaga de turbulência, Tânger Correia disse serem "cerca de sessenta e tal".
Sobre o turismo português no Egito, o embaixador foi perentório: "Desaconselhamos qualquer turismo, já o fazíamos antes, nas zonas centrais" do país.
"Só não vemos inconveniente dos turistas na zona dos resorts do Mar Vermelho", acrescentou.
O atual clima de tensão no Egito iniciou-se a 30 de junho, quando diversos setores da oposição promoveram grandes protestos exigindo a deposição do Presidente islamita Mohamed Morsi, eleito em junho de 2012 nas primeiras eleições livres no país.
Morsi provinha da Irmandade Muçulmana, que também venceu as legislativas organizadas após o derrube, em fevereiro de 2011, do regime autocrático de Hosni Mubarak.
Em 3 de julho o presidente foi deposto e detido pelos militares, tendo sido formado um Governo de transição, entre os protestos das correntes islamitas que exigem o seu regresso ao poder.
Após o falhanço das tentativas de mediação internacionais, o Governo interino nomeado pelo exército anunciou que, terminado o período do Ramadão, no passado fim de semana, iria acabar com as manifestações pró-Morsi, operação que iniciou na quarta-feira.
Segundo o Ministério da Saúde do Egito, o ataque fez pelo menos 525 mortos.