A região de Picardie, a norte de Paris, é o palco de uma caça ao homem sem precedentes, na tentativa de capturar os dois irmãos suspeitos da autoria do atentado, na quarta-feira, contra a redação do semanário "Charlie Hebdo", que provocou 12 mortes. 88 mil agentes estão envolvidos na operação levada a cabo em toda a França, na procura pelos Kouachi.
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Os dois suspeitos do ataque ao "Charlie Hebdo", que fez 12 mortos, ter-se-ão refugiado numa casa, no norte de França, na região de Picardie, muito perto da bomba de gasolina onde foram reconhecidos, esta quinta-feira de manhã. Numa demonstração de força das autoridades francesas, polícia e forças de intervenção tomaram as localidades de Corcy e Longpont e fizeram buscas casa a casa, numa área de 20 quilómetros quadrados.
Durante a noite, previa-se que as operações continuariam com a ajuda de helicópteros. No total, nove pessoas foram já detidas como resultado da intervenção policial.
As estradas para a localidade de Corcy, entre Soissons e Villers-Cotterêts foram cortadas por polícias fortemente armados e cara tapada. O plano de vigilância antiterrorista Vigipirate foi estendido a esta região, que incluiu os departamentos de Aisne, Oise e Somme.
Esta quinta-feira, foram realizadas buscas porta-a-porta, nas localidades de Corcy, mas, em Longpont, a polícia já terá terminado a operação que percorreu casas, jardinse ruas da localidade. Durante o dia, os habitantes foram aconselhados a ficarem dentro das suas casas.
Segundo agência de notícias Reuters e o "Le Figaro", as autoridades encontraram o carro em que os suspeitam viajaram, esta quinta-feira de manhã. Dentro do veículo, estariam cocktails molotov e bandeiras jihadistas.
Bruno Fortier, o presidente da câmara de Crépy-en-Valois, disse à Reuters que helicópteros sobrevoam a cidade, a polícia e as forças antiterroristas chegaram em massa à região. "Há um impressionante número de carros de polícia", disse.
Reconhecidos em assalto
Horas antes, os dois irmãos tinham sido vistos dentro de um Renault Clio cinzento, na Estrada Nacional 2, próximo de Villers-Cotterêt, circulando em direção a Paris. Seguiam com máscaras a tapar as caras e transportavam armas no banco traseiro, que eram visíveis do exterior do veículo. As placas de matrícula do carro eram falsas.
Segundo algumas informações, os dois suspeitos terão assaltado um posto de gasolina, cerca das 10.30 horas, segundo adianta o jornal francês L'Union. Durante o assalto, terão sido disparados tiros.
O gerente da bomba de gasolina reconheceu os dois homens suspeitos do ataque ao "Charlie Hebdo", explicou fonte próxima da investigação, citada pelo jornal "Le Parisien". "Os dois homens estão armados, com kalachnikov e lança-roquetes", adianta uma outra fonte.
A caça ao homem foi lançada na quarta-feira, logo após os ataques à sede do "Charlie Hebdo". No total, cerca de três mil polícias participam nas buscas, que se prolongaram noite e madrugada dentro, com a polícia a "apertar" o círculo próximo dos Kouachi.
O primeiro-ministro francês, Manuel Vals, disse, esta quinta-feira de manhã, que várias pessoas foram detidas durante as buscas pelos dois irmãos suspeitos de matarem 12 pessoas num ataque ao semanário francês Charlie Hebdo.
Mais tarde, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, precisou serem nove as pessoas sob custódia policial.
Operação antiterrorista
No total, em toda a França, 88 mil agentes de segurança (de várias polícias, serviços de informações e militares) estão nas ruas no âmbito desta operação antiterrorista.
Saïd e Chérif Kouachi, com 32 e 34 anos, são dois irmãos de origem argelina mas nascidos em Paris, que terão levado a cabo o ataque armado, juntamente com Hamyd Mourad, o homem de 18 anos que se rendeu às autoridades. Os doisirmãos faziam parte da lista de pessoas proibidas de voar para os EUA, revelou, esta quinta-feira, a NBC.
Um alto responsável norte-americano acrescentou ao jornal New York Times que Saïd treinou durante "alguns meses" com armas de combate com um membro da al-Qaeda no Iémen, em 2011