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otes, iates, singelos barcos à vela, canoas e até motos de água - encabeçadas pelos históricos veleiros Sagres, Creoula e Vega - participaram ontem no maior desfile náutico do país, assinalando no rio Tejo - entre a Torre de Belém e a Doca de Santo Amaro - o 150.º aniversário da Associação Naval de Lisboa. E como o famoso piloto Almirante Gago Coutinho foi também ele sócio do clube, não faltaram os aviões na pomposa cerimónia para dar sinal de partida ao desfile. Dois F16 da Força Aérea rasgaram os céus a baixa altitude, fazendo as delícias de centenas de populares.
"Eia! Parece que levam fogo no rabo", comentou o pequeno André, de cinco anos, enquanto tapava as orelhas com a palma das mãos devido ao barulho infernal dos motores. Miúdos e graúdos esqueceram o Tejo coalhado por embarcações por alguns minutos, apontando olhos e objectivas para os céus. "Viemos do Seixal para ver os barcos, nem sabíamos que também havia aviões", explicou João Silva, pai da criança. Uns metros adiante, um cão, de raça chihuahua - que não se cansou de ladrar a tudo e a todos - calou-se por um instante, à passagem dos F16 e só parou de tremer quando deu por garantido que se tinham ido embora.
Não houve vencidos, nem vencedores do desfile de ontem. O evento destinava-se a comemorar tão somente o aniversário de um dos clubes náuticos mais antigos do mundo e incentivar a organização de mais regatas.
O presidente da República, Cavaco Silva, que assistiu ao desfile na companhia de vários membros do Governo e do presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, só lamentou que o Tejo não estivesse ainda mais lotado de embarcações. "Confesso que gostaria de ver o Tejo, tal como outros rios de Portugal, com mais velas e mais barcos a remo. Fui praticante de remo e tenho uma certa pena de ver o nosso Tejo com tão poucos barcos quando comparado com outros países que têm menos tradição náutica", sublinhou.
Na óptica do chefe da nação, "Portugal tem que se voltar mais para o mar", acrescentando que "o oceano tem um valor económico forte, mas também um valor estratégico forte e é um espaço de lazer".
A Associação Naval nasceu em 1856. Foi o próprio rei D. Pedro V que, no regresso de uma viagem a Inglaterra, assinou o decreto que aprovava os estatutos do clube. O infante D. Luís foi o seu primeiro Comodoro e presidente. "Nós forjamos as armas e a vitória", são as divisas inscritas no brasão da colectividade centenária que quer colocar o Tejo no mapa dos grandes eventos náuticos internacionais é um dos objectivos traçados pela associação centenária.
* com Lusa