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A história do que tem acontecido e do que está para acontecer na sua carreira a solo, é assim que Luís Represas define o seu novo trabalho, composto por um CD e um DVD.
"A História Toda" reproduz os concertos que o cantor realizou, a 31 de Março e 1 de Abril deste ano, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. "Foram concertos muito emotivos, correram muito bem, houve um equilíbrio entre os dois espectáculos, o que facilitou o trabalho de produção do CD e do DVD", explica.
A "Balada das Sete Saias", original do Trovante, é o tema com que Represas abre o novo disco. "Quis começar com "Balada das Sete Saias", e com um arranjo igual ao que o Trovante tocava, porque foi o primeiro sucesso do grupo, despoletou a vida da banda. Quis começar aí, talvez seja também uma homenagem ao próprio Trovante", admite o artista, que encabeçou, durante 16 anos, um dos colectivos seminais da música portuguesa.
Há ainda um "cheirinho" a Trovante com a participação de João Gil em "Travessa do Poço dos Negros", tema do álbum "Trovante 84" e "Zorro", embora, explica Luís Represas, "trazer o Gil para tocar duas músicas comigo não seja trazer o Trovante, mas sim um compositor e amigo que tem estado presente na minha vida".
As participações de Pablo Milanês , que pela primeira vez partilhou o palco com o músico português, nos temas "Yolanda" e "Feiticeira", e do pianista Miguel Nuñes são outros dos pontos altos do trabalho em que Luís Represas deseja "deixar testemunho das participações destes músicos no meu trabalho e dar ao público um momento único com artistas extraordinários".
Tema inédito
O disco não segue um alinhamento cronológico, mas "obedece antes a curvas de emoções. Houve a preocupação em que se desse a identificação de um trajecto por parte das pessoas", adianta o músico. Mas nem só dos êxitos de um percurso sobejamente conhecido vivem o CD e o DVD. O público pode ainda contar com "Colibri", um original composto na altura em que Represas trabalhava no novo álbum. "Não estava muito preocupado em incluir um inédito. Mas o que acabou por acontecer foi que estava em casa, pus-me a tocar e a escrever e saiu esta música", revela o cantor.
O DVD reproduz na íntegra os concertos que compõe "A História Toda" e conta ainda com um documentário do "Making Of", entrevistas, todos os "videoclips" de Represas a solo e um "slideshow" de fotografias.
Próximos concertos
No âmbito da apresentação de "A História Toda", Luís Represas vai andar em digressão durante este Verão.
Os próximos espectáculos estão já agendados, com passagem pela Fnac do Norteshopping, no próximo domingo, pelas 22 horas, e pela Fnac do Algarveshopping, a 5 de Agosto, às 17 horas.
Seguem-se actuações nas festas locais de Glória do Ribatejo, em Salvaterra de Magos, dia 21 de Agosto às 23 horas. A 24 de Agosto, é a vez da Feira de S. Mateus, em Viseu, receber o espectáculo de Luís Represas, pelas 22horas. Por fim, a 28 de Agosto, o cantor actua nas festas locais de Bidoeira de Cima, às 22 horas, num concerto com entrada livre.
Em 1976, Luís Represas funda, juntamente com João Gil, Artur Costa, Manuel Faria e João Nuno Represas, o Trovante, um dos projectos mais importantes da música portuguesa pós-Abril, pelo qual dá a cara como vocalista durante 16 anos.
Depois de oito LPs de originais, um álbum "Ao Vivo" e um "Best Of", o Trovante põe um ponto final à sua carreira em 1992 e Represas lança-se a solo.
Com o baixista português Nani Gonçalves, o cantor viaja para Cuba, onde colabora com Pablo Milanés, um dos nomes mais sonantes da música cubana, e com Miguel Nuñez, que será responsável pelos arranjos e direcção musical de "Represas", primeiro trabalho discográfico da era a solo. Mas em Maio de 1999, a pedido do então presidente da República Jorge Sampaio, o Trovante reúne-se para uma actuação no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. No mesmo ano, o cantor desloca-se a Timor com um tema homónimo daquele país e que se tornaria um hino contra a ocupação indonésia.
O último álbum de originais, "Fora de Mão", data de 2003. Com "A História Toda", Represas assinala 30 anos de uma carreira em português.