“Exotic birds of prey” é o novo álbum do projeto liderado por Ishmael Butler. Primeiro estranha-se, mas depois entranha-se.
Corpo do artigo
Ishmael Butler, sob o nome Shabazz Palaces, é comummente apelidado de futurista. São muitos os que afirmam que o criador norte-americano consegue fazer do hip-hop aquilo que ainda ninguém consegue sequer imaginar.
“Exotic birds of prey”, lançado esta sexta-feira, faz os discos antecessores parecerem banais. Butler é um profeta das sonoridades afro-americanas? Então, ouçam e estranhem.
O novo trabalho surge menos de seis meses depois de “Robed in rareness” e tem sido descrito como um descendente. Mas de continuação há pouco.
Ainda que o anterior represente a presença de Butler nos limites do hip-hop, a incorporação de distorções e eletrónica é esmagadoramente mais presente no novo disco, passando para uma aura psicadélica ainda não aprofundada pelo rapper.
“Exotic BOP”, faixa de abertura, é a mais caótica. A utilização de sintetizadores, sons eletrónicos agudos avulsos, uma batida ruidosa e uma letra repetidamente simples, tudo de forma crua e sem polimento, faz-nos sentir que é propositadamente áspero. Ishamel quer que o estranhemos.
O convidado Purple Tape Nate, sobre o qual há pouca informação, parece ser um alter-ego de Lil Tracy, filho do próprio líder de Shabazz Palaces.
Também alter-ego é Lavarr the Star, músico sobre o qual pouco se sabe, e que parece ser uma personagem de Butler, que, assim, colabora consigo mesmo na última faixa, “Take me to your leader”. Os convidados Irene Barber e Cobra Coil, ambos sem informação na Internet, são igualmente fantasmas sem rosto.
Com forte aposta em sintetizadores e eletrónica, há “Goat me” ou, em modo mais psicadélico e batida frenética e acelerada, temos “Well known nobody”, ambos com lírica curta. O rap mais convencional está em “Myths of the occult”.
Butler desafia (ainda mais) os limites da herança afro-americana, num trabalho com tanto de hip-hop como de eletrónica experimental.
Shabazz Palaces regressa a Portugal a 21 de maio, no b.leza, Lisboa, e no dia seguinte atua em Braga, repetindo a passagem pela sala gnration.