Anúncios recentes em vários países europeus aumentam a expectativa de que os festivais regressem em 2021, ainda que com possíveis restrições e adiamentos.
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O cancelamento de colossos como Glastonbury e Coachella, anunciados no início do ano, fez temer que 2021 se tornasse a continuação do deserto percorrido em 2020 no que toca a festivais de verão. Mas nos últimos dias têm surgido sinais de esperança para público e promotores, e os grandes certames europeus continuam a compor os seus cartazes. Nada é seguro em tempos de pandemia, mas as imagens recentes da Nova Zelândia, onde 20 mil pessoas acorreram a eventios como o Northern Bass e o Rhythm and Vines vão acalentando as expectativas dos melómanos.
No Reino Unido, país com a vacinação mais adiantada na Europa, foi anteontem anunciado um plano de desconfinamento que contempla, na sua última fase, a partir de 21 de junho, a abertura sem restrições dos grandes eventos. E festivais como o Creamfields, Reading and Leeds, Love Supreme ou o TRNSMT, em Glasgow, estão de bilheteira aberta e cartaz fechado.
Também em França, na semana passada, foi divulgado um plano para os festivais de verão que autoriza uma lotação máxima de 5 mil pessoas em lugares sentados. Considerado insuficiente pelos organizadores do Eurockéennes, que alegam ser inviável realizar o festival nessas condições, recebeu a aprovação do Vieilles Charrues, certame de dimensão idêntica, que promete adaptar-se.
Em Espanha, prosseguem os preparativos para o Primavera Sound de Barcelona, que realizou um teste-piloto com perto de 500 pessoas em dezembro. Vários festivais italianos anunciam a intenção de avançarem nos meses de agosto e setembro. E em junho, na Albânia, terá lugar o festival Unum, o primeiro a fazer uso dos testes rápidos.
Mais cautelosos são os alemães, que a avaliar pelo comunicado do Berlin Club Comission, que anuncia que a vida noturna não retomará a normalidade antes do fim de 2022, não parecem muito inclinados para multidões este verão.
Os planos de digressão de bandas e cantores são também sinais positivos para 2021. Nomes como Pearl Jam, Bryan Adams, The Beach Boys, John Legend, Alicia Keys ou Run the Jewels têm agendas preenchidas, na Europa e nos EUA, para os próximos meses. O site Concertful apresenta uma listagem exaustiva de concertos em 2021, onde se incluem alguns a realizar em Portugal, como Guns N" Roses (Algés, 2 de junho), Idles (Coliseu de Lisboa, 7 de junho), Aerosmith, que assinalam 50 anos de carreira na Altice Arena, em Lisboa, a 8 de junho, Simple Minds (Coliseu do Porto, 21 de junho), Cut Copy (Coliseu de Lisboa, 29 de outubro) ou Bon Iver (Altice Arena, 18 de novembro).
Testes-piloto em Portugal começam em abril
A realização de vários testes-piloto já em abril é a principal novidade saída da última reunião da equipa de trabalho constituída por membros do Governo, da DGS e de promotores de festivais que tem vindo a desenvolver uma estratégia para os festivais de verão. "Vão ser testadas várias tipologias de festivais, em espaços abertos e fechados, com público de pé ou sentado. O apuramento dos índices de transmissibilidade e de outros dados irá desencadear estudos para definir, entre abril e maio, regras e procedimentos para cada um", disse ao JN Ricardo Bramão, presidente da Associação Portuguesa de Festivais de Música.
A combinação dos testes rápidos, vacinação e imunidade, de modo a garantir as "bolhas seguras" nos recintos dos festivais, é o caminho a seguir, diz Luís Montez, diretor da Música no Coração, que adianta haver já um acordo com a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos para que possam ser realizados testes nos 4 mil laboratórios espalhados pelo país. Montez prevê que quem tenha bilhete e teste positivo à covid-19 seja reembolsado.