O "Jornal de Notícias" é o diário em que os portugueses mais confiam, de acordo com o estudo "Reuters Digital News Report 2023".
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O "Reuters Digital News Report 2023" é o 12.º segundo relatório anual do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo (RISJ, na sigla em ingês) e o 9.º relatório a contar com informação sobre Portugal, em que participam 46 países.
Em 2023, "o ranking da confiança em marcas de notícias continua a ser liderado pelo serviço público de media, sendo que 77,8% dos portugueses dizem confiar na informação veiculada pela marca RTP", que é seguida, de forma muito próxima, pela SIC (78,2%), Expresso (77,3%) e Jornal de Notícias (único jornal diário no top do ranking), com 77,1%. Em quinto lugar surge a Rádio Comercial, com 75,8%, seguida do "Público", com 75,4%, e da Rádio Renascença, com 73,5%.
Em oitavo lugar, e pela primeira vez, surge a única agência de notícias portuguesa. "A agência Lusa, que surge pela primeira vez este ano no inquérito, tem a confiança de 73,4% dos portugueses, sendo de destacar a particularidade do alcance da Lusa que chega aos consumidores de forma direta, através do seu 'website', e de forma indireta através da utilização que as marcas fazem dos takes produzidos pela agência", lê-se no relatório. Seguem-se a TSF (72,6%), a TVI (72,0%) e a RDP Antena 1 (71,3%), com o "Observador" a registar 69,9%.
"Entre as marcas em que os portugueses menos confiam surge a marca 'Correio da Manhã' (55,7%), não obstante ser marca líder no mercado nacional, em formato impresso ou digital", refere o Digital News Report 2023. O conjunto dos media locais ou regionais regista 65,5% e o site "Notícias ao Minuto" 69,6%.
Além disso, "Portugal destaca-se no conjunto dos 46 países estudados pelo Digital News Report 2023 como o 5.º país onde os respondentes atribuem mais importância pessoal aos serviços de notícias públicos, como os prestados pela RTP - 59,0%".
Os valores do mercado português "são apenas ultrapassados pelo conjunto de países do Norte da Europa - Finlândia (71%), Dinamarca (68%), Noruega (65%) e Suécia (64%)".
O relatório aponta que "os valores de reconhecimento da importância da vertente noticiosa do serviço público prestado pela RTP é ainda maior quando questionados sobre o valor desse serviço para a sociedade em geral", já que dois terços (66%) dos portugueses "afirma que a valência do serviço público de media nacional é relativamente importante ou muito importante".
O reconhecimento do serviço público de media em termos noticiosos é maior "entre os portugueses mais velhos, com maiores rendimentos e maior escolaridade".
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Dos países onde há mais confiança em notícias
O mercado português continua a posicionar-se no topo da tabela no que respeita a confiança em notícias, de acordo com relatório. "Portugal, afasta-se dos países do sul da Europa e está mais próximo dos países nórdicos, do bloco escandinavo, confirmando-se a tendência mantida ao longo dos últimos nove anos", lê-se no Digital News Report.
E embora "a confiança em notícias caia cerca de 3 pontos percentuais face a 2022 (para os 57,8%), Portugal continua a figurar entre os países onde o indicador é mais positivo, ficando atrás apenas de Finlândia (69%) e Quénia (63%)", acrescenta.
Ou seja, "Portugal continua a destacar-se na questão da confiança estruturalmente elevada face às notícias, não só em relação a outros países do sul da Europa como Grécia (19%), Espanha (33%) ou Itália (34%), mas também de países da Europa central como França (30%) ou Alemanha (43%)".
Apesar dos índices elevados de confiança em notícias, "são os portugueses mais velhos que tendem a confiar mais em notícias".
No que respeita à perceção sobre o que é real e falso online, "um indicador que nos permite indiretamente avaliar a perceção dos portugueses sobre a desinformação e os fenómenos desinformativos, em 2023 cerca de 7 em cada 10 portugueses dizem estar preocupados com o que é real e falso na Internet, uma proporção semelhante à identificada em 2022", indica o Digital News Report Portugal 2023.
Os portugueses que confiam em notícias "estão mais preocupados com o que é real e falso na Internet do que os que não confiam em notícias", refere o documento.
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Sobre o estudo
O estudo português tem como autores Gustavo Cardoso, Miguel Paisana e Ana Pinto Martinho, investigadores do OberCom e do CIES-ISCTE. O tamanho total da amostra é de 93.895 adultos, com cerca de dois mil por mercado.O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro deste ano e o inquérito foi realizado online.
Entre os 46 mercados estão EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa, Polónia, Croácia e Roménia. Inclui ainda Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México, Nigéria, Quénia e África do Sul.
O OberCom - Observatório da Comunicação, enquanto parceiro estratégico, colaborou com o RISJ na conceção do questionário para o mercado português, bem como na análise e interpretação dos dados.