Arranca hoje a quinta edição do festival literário Internacional do Interior em sete concelhos de Coimbra e Leiria.
Corpo do artigo
Os 100 anos do nascimento de José Saramago e Agustina Bessa-Luís (em 2022) e de Matilde Rosa Araújo (em 2021) e os 80 de Adriano Correia de Oliveira marcam a quinta edição do Festival Literário Internacional do Interior "Palavras de fogo", que começa hoje e decorre até 19 de junho nos concelhos de Alvaiázere, Pedrógão Grande, Ansião, Lousã, Miranda do Corvo, Arganil e Condeixa-a-Nova. O certame homenageia as vítimas dos incêndios florestais de 2017.
Esta edição tem como tema transversal "Sibilas, rebeldes e génios", o que, para a coordenadora do festival, Ana Filomena Amaral, retrata bem os homenageados. "Dados os centenários do nascimento destes três escritores, e estarem a decorrer as comemorações dos 80 anos de Adriano Correia de Oliveira, era incontornável fazer estas homenagens. Os 100 anos da Matilde Rosa Araújo foram o ano passado, mas não houve um momento marcante para a homenagear, pelo que quisemos manter para este ano", salienta Ana Filomena Amaral, sublinhando que estas dedicatórias são uma marca do festival. "Todos os anos homenageamos personalidades que deixaram um valor incontornável e, em 2022, não podíamos deixar passar esta oportunidade".
Festival intermunicipal
A cerimónia de abertura decorre hoje às 17 horas em Alvaiázere. Ana Filomena Amaral destaca, no programa, três palestras sobre os escritores centenários. A de José Saramago, que será proferida por Carlos Reis em Alvaiázere. A de Matilde Rosa Araújo, a 17 de junho em Condeixa-a-Nova, por Maria da Natividade Pires. E a palestra sobre Agustina Bessa-Luís, a 19 de junho na Lousã, com Fátima Marinho como oradora. "No dia da abertura temos ainda a peça "O ano da morte de Ricardo Reis", adaptada da obra homónima de José Saramago, que vai ser exibida em Alvaiázere", aponta a coordenadora do evento. Residências literárias, apresentações e workshops estão também no programa. "Há uma preocupação ambiental do Festival, que está presente numa exposição fotográfica sobre o que se está a passar no Ártico, que está em exibição em Condeixa-a-Nova, e numa conferência do físico Orfeu Bertolami, na Lousã", lembra.
Ana Filomena Amaral destaca o apoio dado pelas escolas e pelas bibliotecas municipais ao evento, bem como o caráter intermunicipal: "Não me lembro de mais nenhum evento cultural em Portugal que seja intermunicipal. O "Palavras de Fogo" tem esta matriz, que envolve sete municípios, potenciando os seus parcos recursos. Esta união de esforços coloca o festival na rota cultural e do interior".
Homenagear as vítimas
O Festival Literário Internacional do Interior nasceu em 2018, no seguimento dos incêndios do ano anterior, que devastaram muitos daqueles concelhos e fizeram mais de uma centena de vítimas mortais. "O propósito do festival foi o de reconstruir o interior através da cultura, com o lema "A arte e a cultura como reanimadores de uma região e de um povo". Daí também a denominação "Palavras de Fogo"", conta Ana Filomena Amaral. Tem como parceiros associados a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, a Direção Regional de Cultura do Centro, a Universidade de Coimbra, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, a Associação Portuguesa de Escritores, a Rede de Bibliotecas Escolares e a Associação de Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande.
Rede
Parceria com festival indiano
Durante o "Palavras de fogo" será assinado um protocolo de cooperação com o Festival Internacional de Jaipur, na Índia. "Será um grande contributo para projetar o nosso festival a nível internacional", afirma Ana Filomena Amaral. O evento já tem parcerias com outros festivais internacionais, como Fraktura (Croácia), FLIPoços (Brasil), Galway (Irlanda), Vilenica (Eslovénia), Book Worm (China) e Festival de Poesia de Chepén Chepén, no Peru.