Foi com "particular prazer" que Pepetela recebeu, em Luanda, a notícia de que havia vencido o Prémio Literário, atribuído no âmbito do Correntes d'Escritas.
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O escritor angolano elogia o "magnífico evento", a "persistência" com que a organização o leva a cabo e a forma como, ano após ano, o vai alargando a mais e mais escritores de expressão ibérica. Só não vem mais vezes, porque, explica, o frio o afasta, nos meses de inverno, do hemisfério norte. O 21.º Correntes d'Escritas fechou, este sábado, na Póvoa de Varzim, com a entrega dos prémios literários.
"Só uma vez estive presente e gostei 'bué' de participar [no Correntes d'Escritas]", afirmou Pepetela, numa mensagem que foi lida pela sua editora de longa data, Cecília Andrade, da Dom Quixote. O escritor de 78 anos, galardoado, em 2017, com o Prémio Camões, diz que, embora à distância - por culpa do frio -, acompanha o encontro e agradece "à organização por persistirem com teimosia no seu trabalho e por, paulatinamente, o alargarem a outras geografias".
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"Sua Excelência, de Corpo Presente" venceu o prémio maior do Correntes. O júri destacou-lhe a "originalidade do estratagema" utilizado para "denunciar com ironia uma história de nepotismo e abuso de poder própria de sistemas totalitários" e a "dimensão antecipativa" de uma ficção com muito de real. O angolano partilhava a lista de 15 finalistas com nomes como Mia Couto, Lídia Jorge e Mário Cláudio.
Crianças "em grande"
De Gondomar, de Armamar ou da Venda do Pinheiro mais de uma centena de crianças das escolas premiadas encheram o palco da sessão de encerramento, uma "esperança" no futuro, diz Paulo Gonçalves, da Porto Editora.
O Prémio Conto Infantil Ilustrado recebeu, este ano, explicou, trabalhos de cerca de dois mil alunos do 1.º ciclo. Crianças que escrevem, desenham e, acima de tudo, trabalham em equipa. Venceu "A Tempestade no Rio", dos alunos do 4.º C da Escola Básico da Venda do Pinheiro, mas há mais destaques: a escola de Armamar, que todos os anos concorre e leva um prémio - um "hábito de salutar" - e a presença de mais crianças a cada edição. Os contos premiados serão, agora, reunidos em livro.
Na literatura juvenil, o Prémio Correntes d'Escritas Papelaria Locus foi atribuído a "Relógios Parados", de Ana Sofia Franco Trigo, da Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Benfica (Lisboa).
Já o Prémio Fundação Dr. Luís Rainha, destinado a uma obra sobre a Póvoa, foi para "Ala Ala Arriba", de Álvaro Maio.
O Correntes chegou ao fim, depois de nove dias de uma festa partilhada entre escritores, editores e leitores. O vereador da Cultura, Luís Diamantino, agradeceu as salas "sempre cheias" e deixou já o convite para 2021: o encontro volta de 23 a 27 de fevereiro.