Sarah Wayne Callies está de regresso aos ecrãs portugueses com "Colony", série futurista sobre uma família que procura o filho desaparecido durante uma ocupação à cidade de Los Angeles. A intérprete de "Prison Break" ou "The Walking Dead" esteve em Portugal e o JN falou com a atriz sobre a nova série do SyFy.
Corpo do artigo
"Colony" chega a Portugal no próximo dia 17 de abril. Que série é esta?
É uma série sobre uma família que sobrevive a uma ocupação. O meu marido, interpretado pelo Josh Holloway, da série "Perdidos", é forçado a colaborar com o governo responsável pela ocupação e a minha personagem toma decisões muito diferentes das dele. Tal como em famílias que passam por ditaduras, como em Portugal, por exemplo, há muita tensão entre nós. Temos opiniões muito diferentes.
Já a vimos como Sara, em "Prison Break", ou como Lori, em "The Walking Dead". Desta vez interpreta Katie Bowman. Quem é ela?
Ela é muita coisa: é mãe, é esposa e é uma mulher de negócios - tem o seu próprio bar. Quando pedem ao Josh para falar sobre a minha personagem, ele diz sempre que ela tem um coração rebelde. E, provavelmente, é verdade. Ela tem muita força para proteger os filhos e tem noção do quão perigoso é crescer numa ditadura, em que fazem lavagens cerebrais às crianças e não há liberdade de expressão.
A série estreou-se em 2015 nos Estados Unidos. Quais têm sido as reações do público?
Têm sido muito interessantes, sobretudo quando começámos a série, porque esta é uma história de ficção científica, sobre um narcisista que manda erguer muros em todo o lado e não quer saber de nada a não ser do seu poder.
Atual, portanto.
Na altura, nos Estados Unidos, este era um cenário fictício. Agora podemos usar estas mesmas palavras para descrever o nosso presidente e, de repente, a série torna-se contemporânea e muito real. Temos movimentos como o "Black Lives Matter" ou o "Me Too", que são movimentos de resistência e levantam questões com as quais nós também lidamos em "Colony".
Como por exemplo?
Por exemplo, escolher resistir e dizer-se: "Vou fazer-me ouvir". Isso é fácil de se dizer, mas e depois? Quem apoias? Com que campanha concordas? Escolhes falar se te disserem que não só tu vais preso como toda a tua família vai presa? Resistir é complicado, e não só há consequências perigosas, como podem usar a fé que colocas nos movimentos de resistência de formas que nunca imaginaste. Podem fazer-se coisas incríveis, como aqueles miúdos na Florida, que se revoltaram contra a lei das armas. É uma reação poderosa e uma das mais sãs que me lembro de ver nos Estados Unidos.
É uma realidade nova nos Estados Unidos?
Quando eu nasci não havia tiroteios nas escolas. Já os meus filhos estão a crescer numa época em que acontece muito. Estes jovens são uma forma de resistência que está a funcionar e é disso que estamos à procura em "Colony".
Carlton Cuse é um dos responsáveis por "Colony" e é também um dos criadores de "Perdidos". Podemos esperar alguma semelhança entre as duas séries?
O Josh Holloway é uma das semelhanças [risos]. A narrativa começa por ser pequena e limitada, tal como em "Perdidos". Há apenas uma família e, de repente, quando damos por nós já estamos envolvidos na ação. A história é contada de uma forma muito inteligente porque o espetador preocupa-se mesmo com esta família. E é aí que o conceito da série ganha vida, porque é muito difícil um conceito ser apaixonante até ser aplicado a um ser humano.
"Prisões, zombies e aliens" é a frase que está escrita no topo do seu perfil de Instagram. Sente-se mais confortável a ajudar pessoas a fugir da prisão, matar mortos-vivos ou proteger a família de extraterrestres?
Provavelmente as hipóteses de sucesso são maiores na prisão, porque ao menos é uma luta justa: humanos contra humanos. Os zombies são implacáveis, indiscriminados e são muitos. Quanto aos aliens, se eles foram espertos ao ponto de chegar até aqui, é porque têm melhor tecnologia do que nós. O meu filho de quatro anos sabe usar melhor o meu iPhone do que eu! Por isso, nem quero imaginar como seria ter de lutar com aliens. Tirar pessoas da prisão é o mais fácil [risos].
Regresso de "Prison Break" "ainda é um sonho"
"Prison Break" e "The Walking Dead" foram séries de grande sucesso em Portugal. As pessoas reconhecem-na rua?
Um pouco, sim. Há tantos turistas em Lisboa que acho que ainda só conheci uma mão cheia de portugueses, mas a minha primeira impressão é de que as pessoas são muito gentis e educadas. Tenho tirado muitas fotografias e ninguém foi desagradável. [Mas] Estive a visitar uma igreja com a minha filha e uma pessoa pediu-me para tirar uma fotografia. Quem é que pede para tirar uma selfie numa igreja? Foi a primeira vez que disse que não, não me pareceu apropriado.
Era portuguesa?
Não [risos]. Não creio que um português o fizesse.
Para quando o regresso de "Prison Break"? Há muitos fãs que certamente querem ver uma resposta a esta questão.
Não sei. Fala-se numa sexta temporada e acho que o Paul Scheuring [criador] está a escrever um guião mas não sei se já foi aprovado.
Mas gostava deste retorno?
Adorava voltar e fazer mais uma temporada. Mas não tenho certezas, porque a Fox ainda não comprou os direitos. Ao que sei, apenas encomendou o episódio piloto. A partir daí, teriam de comprar o resto da temporada e depois contratar os atores. Confirma-se o interesse e o guião, mas tudo o que vai para além disso ainda é um sonho.