Uma violenta tempestade de neve trespassou os que habitavam o festival Milhões de Festa, ao início da noite, em Barcelos.
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Evil Blizzard tocou o último par de músicas com os instrumentos entregues ao público, cerca de 20 desconhecidos que foram surpreendidos pelo convite para subir ao palco, e extasiados com a chance de tocar. Muitos atiraram as mãos à cabeça ao saber que tinham de tocar, mesmo sem saber e incrédulos com aquilo, enquanto um rapaz com os seus nove anos capitaneava as vozes, à la frontman, com a camisola do Real Madrid vestida.
Evil Blizzard são de Preston, o que por si só eleva os padrões. É um fulano de máscara de porco com catana e cutelo na mão que nada faz, canta ou toca durante o concerto. É outro de pijama cor de rosa a cantar como poucos sabem, ou aquele impenetrável baixista de máscara com expressão impávida e vestido de mulher. Ao lado do outro (o quarto baixista) que parece saído de um concerto de Kiss, de máscara sorridente. Ou o baterista, que diz saber português mas agradece com "Arigano" em vez de "Obrigado".
É assim, uma combustão gélida com tudo para ser excelente, sobretudo quando entram no álbum "The Dangers Of Evil Blizzard". Tornam-se perigosos, de guitarra colada ao público, em êxtase que não se esquece e revolucionou a digestão de um jantar de descanso no último dia do Milhões de Festa. A música deambula entre um noise fulgurante ou um punk imprevisível com que fecham o concerto.
Dali ao palco Lovers foi um ápice. Era para ver Part Chimp, um noise rock de combustão metaleira onde a voz e a guitarra de Tim Cedar reinam em "Bring Back The Sound", "War Machine" ou "You Decide". Respeitoso som proveniente destes britânicos (sim, outros britânicos, que bom que o Brexit ainda não chegou aqui).
Mas foi distorção a mais para o pop africano de El Guincho.ou Pablo Dias-Reixa, de Roland SP 404 já batido, sangue espanhol na guelra porém, mas insípido quanto baste para compensar o êxtase vivido anteriormente.