Um nome em concreto reúne boa parte das preferências dos espectadores do segundo dia do NOS Primavera Sound Porto: os norte-americanos Pixies, que regressam a Portugal depois da visita do ano passado a Lisboa.
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Mesmo cientes de que os períodos de maior fulgor criativo já pertencem ao passado - como o testemunha o mais recente disco, a milhas de ter gerado consenso entre os fãs -, quem for esta sexta-feira ao Parque da Cidade, desafiando a chuva e o vento prometidos, não esperará menos do que um concerto capaz de, no mínimo, respeitar o grandioso legado de uma banda a que devemos todos discos incontornáveis como "Doolittle" ou "Surfer rosa".
Além da banda de Black Francis, que atua às 22.30 horas, há mais duas dezenas de espetáculos, espalhados por quatro palcos (NOS, Superbock, ATP e Pitchfork). O dos Television, por exemplo, será um dos impedíveis, ou não prometessem Tom Verlaine e seus pares revisitar na íntegra o disco, "Marquee moon", de 1977, que lhes assegurou o passaporte para a eternidade.
A memória deverá rondar de perto o concerto dos Slowdive, outro projecto.
Já os escoceses Mogwai aterram no palco principal de madrugada, com o novíssimo "Rave tapes" em destaque. Distorções, crescendose acima de tudo, muito virtuosismo não deverão faltar no concerto.
Warpaint, Loop, Shellac e Godspeed you! Black Emperor estão também entre os projetos musicais mais aguardados do dia.
Kendrick e a euforia
Se o "efeito Caetano" dominou a primeira noite do festival, a que assistiram 22 mil pessoas, houve outros espetáculos dignos de menção.
Pertenceu mesmo ao rapper Kendric Lamar, em estreia portuguesa, o concerto mais efusivamente recebido da noite. O contingente de fãs presente nas filas imediatas ao palco demonstrou sempre uma euforia tal que conseguiu a espaços contagiar parte da restante plateia.
Em troca de uma recetividade tamanha, Lamar proporcionou uma atuação eficiente e capaz de contornar mesmo as limitações do género, ao apresentar-se com uma banda ao vivo e socorrendo-se de abundantes samplers. O resto esteve a cargo da energia habitual do autor de "Bitch don"t kill my vibe" e das letras fortemente autobiográficas que marcam os seus temas.