A opção pela restrição alimentar tendo em conta as horas do dia em que se ingere alimentação tem vindo a ganhar número de adeptos. E se o jejum intermitente consegue, em muitos casos, resultados na diminuição de pesos, especialistas falam em vantagens para a saúde mental. Mas pode não ser igual para todos
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O regime alimentar que se caracteriza por intercalar períodos de ingestão alimentar normal com períodos prolongados sem nenhum acrescento energético, obrigando o corpo a consumir os recursos que já dispõe, tem vindo a ganhar praticantes, sobretudo quando começa a contagem decrescente para as idas à praia.
Se há especialistas que vincam que não há ainda demonstração científica de que este regime de dieta alimentar seja mais benéfico que outros, há terapeutas que, contudo, afirmam que o jejum intermitente pode trazer benefícios para a saúde mental, para lá dos físicos. É o caso no naturopata João Bravo ou da psiquiatra espanhola Marian Rojas Estapé.
Esta médica defende, no livro “Recupere a sua Mente, Reconquiste a sua Vida” (da editora Planeta de Livros), que a “restrição calórica temporária promove a longevidade e melhora a saúde”. Entre os aspetos que enumera, a especialista e autora de best sellers na área da saúde mental fala em redução do “stresse oxidativo”, em “sistema imunitário fortalecido”, em “diminuição da inflamação” e em “autofagia“ ativada, processo através do qual são “reparadas as células e eliminadas as que são nocivas”, lê-se na obra.
O naturopata João Bravo concorda com este último argumento. Mas adita outros. No livro “Alimente o seu Cérebro” (da Casa das Letras), o autor defende que “o jejum intermitente pode ajudar a reduzir a inflamação sistémica e cerebral, promovendo um ambiente mais saudável para o cérebro”. Acrescenta o “aumento da plasticidade cerebral”, um processo de “indução de neurogénese e do aumento de uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurónios e para a formação de novas sinapses”. Bravo fala também na “melhoria do humor” através da “regulação dos neurónios transmissores e da redução dos níveis de cortisol”.
Ainda que apresente estes benefícios para saúde mental, o jejum intermitente não pode ser encarado como um tratamento com vantagens para o foro psíquico e neurológico, mas antes como um complemento, podendo ser ponderado e aplicado aquando da “integração da medicação”, “complemento à psicoterapia” e “redução do stress”.
Contudo, tal como todas as dietas, existem regras e uma certeza: não se aplicam por igual a todos os que queiram perder peso, pelo que a individualização e flexibilização são prioritárias. João Bravo pede, por isso, cautelas e considerações antes de iniciar um processo desta natureza.
O naturopata recomenda que se “comece de forma gradual”, aconselhando o método menos restritivo de 12 horas de alimentação e outras tantas de jejum. Aconselha que se monitorize a saúde mental, agindo em caso de “agravamento dos sintomas de ansiedade, depressão ou outros distúrbios”, bem como a hidratação constante, prática de exercício físico e a alimentação equilibrada e rica em nutrientes na janela prevista para a ingestão calórica.