
Psicóloga deixa estratégias para não ser inconveniente neste Natal
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As reuniões familiares podem, por vezes, ser bastante constrangedoras, sobretudo quando os familiares não sabem conter as perguntas indiscretas. Por isso, veja a listagem de temas a evitar para não criar desconforto em ninguém. Aproveite e saiba também quais as estratégias para agir melhor.
Se há questões às quais não gostamos ou não queremos responder, também é importante saber que não as devemos fazer. É certo que as reuniões familiares são sempre bons momentos de convívio e de cuidado, mas há temas que só trazem desconforto, mesmo que revestidos sob a capa da preocupação.
"Embora o Natal seja, normalmente, um tempo de confraternização e celebração, nem sempre estes momentos são vividos de forma harmoniosa, positiva e saudável, pois juntam-se histórias, expetativas, perguntas e vozes no mesmo espaço e na mesma mesa nem sempre coincidentes", alerta a psicóloga clínica Tatiana Louro. A especialista e mestre em psiquiatria e saúde mental vinca que, por vezes, "a curiosidade pode espoletar conflitos e gerar tensão, que pode ser evitável".
Se os temas polémicos devem ficar arredados do menu de Natal, há circunstâncias a que se deve estar particularmente atento. Tatiana Louro pede "especial cuidado com familiares ou amigos que estão a atravessar dificuldades financeiras, que se encontram desempregados ou que estão num trabalho no qual não se sentem realizados" porque "são pessoas mais vulneráveis em termos de saúde mental". O mesmo se aplica a quem esteja a "viver um luto recente, a enfrentar uma separação ou uma doença ou se são adolescentes e/ou jovens adultos", antecipa a também CEO da clínica 5 Sentidos.
Psicóloga clínica Tatiana Louro [Foto: DR]
Por isso, se se prepara para saber como está a vida dos familiares, pense duas vezes antes de perguntar e aja com cautelas. Afinal, nem sempre as boas intenções são boas conselheiras. "Perguntas que aparentemente podem parecer inofensivas em determinados momentos da vida podem aumentar a ansiedade, trazer tristeza e influenciar negativamente o ambiente e a saúde mental", avisa a terapeuta.
De entre os temas para os quais Tatiana Louro recomenda tato, a psicóloga clínica destaca cinco:
Vida amorosa: "então, quando casam?", "ainda tens o mesmo namorado?, "ohh, terminaram?", "ainda não arranjaste ninguém?"... Estamos diante de "perguntas ou comentários que podem fazer a outra pessoa sentir-se sozinha, falhada, pressionada ou exposta", refere a psicóloga.
Corpo e peso: "este ano estás mais gordinha não estás?" ou "tão magra, passa-se alguma coisa?". Frases e observações que até podem indicar preocupação, mas arriscam, coomo explica Tatiana Louro, a "alimentar a vergonha corporal, a culpa, a baixa autoestima e ser um gatilho para quem tem uma história de relação difícil com a comida".
Trabalho, dinheiro e conquistas: Tocar nestes temas pode "gerar stress e pressão para corresponder às expetativas e para o dito 'sucesso socialmente esperado", indica a especialista.
Fertilidade: "não pensam ter filhos?", "estás grávida?", "quando dão um mano?". Geralmente acompangadas de um sorriso, estas perguntas podem destar "lutas silenciosas que cada um pode estar a viver", alerta Tatiana Louro.
Política e religião: "Assuntos desta natureza facilmente podem escalar, deixando o ambiente tenso e inseguro para quem pensa de forma diferente, pois envolve a identidade e os valores pessoais", sublinha a psicóloga.
Mas se estes tópicos devem ser tocados com pinça ou, desejavelmente, nem sequer ser abordados, que outros caminhos são possíveis? Tatiana Louro sugere que se "proporcione um ambiente leve e descontraído para que naturalmente cada pessoa possa partilhar o que lhe apetecer". Mais do que ser concreto, o ideal é "fazer perguntas abertas, entre elas "como tens estado?", "o que tens feito?"".
Este tipo de abordagem, justifica a psicóloga, promove um maior foco "nos interesses, nas memórias boas, nos pequenos prazeres como filmes, receitas, tradições ou planos que trazem leveza, sem avaliação e sem comparações". E recomenda: "Cuide melhor de quem gosta! Ofereça compaixão e respeite os limites de cada um! Experimente abraçar e dizer: 'é bom ter-te aqui'!"

