Raparigas que iniciam a menstruação antes dos 11 anos e mulheres que são mães antes dos 21 têm quatro vezes mais risco de desenvolverem distúrbios metabólicos graves. Mas, não só. Conclusões do estudo baseiam-se na recolha de dados feita sobre histórico de 200 mil mulheres.
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A chegada antecipada da primeira menstruação ou as gravidezes que acontecem antes dos 21 anos podem trazer consequências graves para a saúde da rapariga ou mulher que vive uma daquelas realidades. Um estudo norte-americano que analisou em retrospetiva quase 200 mil mulheres, cujos dados estavam disponíveis no Biobanco do Reino Unido, traz à luz novos efeitos de quem acaba por ter uma saúde reprodutiva mais precoce.
Nesta investigação - considerada uma das mais abrangentes até à data e que pode ser consultada no original aqui - as meninas e mulheres naquelas circunstâncias apresentam riscos acrescidos, neste caso em dobro, de desenvolverem diabetes tipo 2, insuficiência cardíaca e obesidade. A análise indica também que este grupo de mulheres arrisca quatro vezes mais a possibilidade de desenvolver distúrbios metabólicos graves. Por oposição, quem entra na menarca mais tarde e tem partos tardios tem geralmente maior longevidade, menor fragilidade e um risco diminuído de doenças como a diabetes ou Alzheimer.
"Embora as mulheres sejam frequentemente questionadas, quando recebem cuidados médicos, sobre o histórico menstrual e parto, raramente essas informações são levadas em consideração fora da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia", nota o autor do estudo e professor Pankaj Kapahi. Com esta análise, considera o investigador, abre-se uma janela para a saúde pública feminina que deve ser levada em consideração.
Para o autor e especialista no norte-americano Instituto Buck para Pesquisa no Envelhecimento, olhar para estes sinais e perspetivá-los no futuro das mulheres poderá ajudar a definir estratégias de saúde aplicadas de forma personalizada e que podem ajudar a lidar e antecipar os riscos associados à puberdade e ao parto precoces.
Conclusões, importa vincar, que chegam numa altura em que vários outros estudos internacionais têm alertado para o facto de as raparigas estarem a menstruar cada vez mais cedo. Pesquisas recentes levadas a cabo nos Estados Unidos da América indicam que as meninas estão a menstruar três meses mais cedo por cada década, desde 1970. Ora, contas feitas, no final desta década de 20, as raparigas vão entrar na menarca, em média, ano e meio mais cedo do que as que nasceram nos anos 70 do século passado.