Grupo de quatro portugueses chegou a Doha após 49 dias em viagem por 15 países e assiste hoje ao vivo ao encontro da seleção nacional. Passagem pela Arábia Saudita foi marcante. Foram recebidos com banquetes e como reis em quintas no Interior. Situação complexa no Irão, devido a problemas civis, obrigou o grupo a viajar de avião para Amã.
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Uma aventura extraordinária. Quatro rapazes portugueses fizeram oito mil quilómetros à boleia durante 49 dias com um orçamento diário de 100 euros, dividido por todos, desde Lisboa até Doha, a sede do Campeonato do Mundo. Com uma média de idades de 25 anos, o grupo passou por 15 países com apenas um só objetivo. "Fizemos tudo isto para desejar boa sorte a Cristiano Ronaldo e puxá-lo para cima depois desta fase mais complicada com o Manchester United. Agora o nosso objetivo é conhecê-lo", afirmou Bruno Carvalho ao JN.
Durante o percurso, o grupo apanhou mais de 80 boleias e um dos países que surpreenderam foi o último antes da chegada ao Catar. "A Arábia Saudita foi uma experiência muito positiva. Não tínhamos grandes expectativas, mas a hospitalidade do país foi incrível. Do nada as pessoas convidavam-nos para ir às suas quintas e recebiam-nos como reis, com banquetes", contam. As experiências foram únicas. "Numa quinta, deram-nos a oportunidade de estar com os seus animais, noutra andámos a cavalo e tirámos leite a camelas. Deram-nos hospedagem gratuita, ninguém estava à espera, foi uma surpresa".
A Croácia foi outro ponto alto. "Fomos convidados para uma festa de despedida de solteiro num grupo de polícias e acabámos a cantar a "Portuguesa". Foi muito divertido".
Dormiram onde calhou na viagem, em hostels e em tendas em áreas de serviço, locais estrategicamente escolhidos para pedir boleia. "No início, houve alguma insegurança porque pensámos que não seria fácil termos todos lugar nos carros mas, surpreendentemente, fomos sempre conseguindo. Tivemos sempre a sorte de acabar no destino que queríamos sem problemas, apesar de termos tido uma ou outra experiência menos boa devido a uma má condução. Fizemos amigos e alguns deles acompanharam à distância o resto da nossa viagem", acrescentou Bruno.
Entre férias no estudo e no trabalho, Daniel Estima, Francisco Albuquerque e Duarte Delgado, além de Bruno, não tiveram só boas experiências. "Em dois momentos, não pudemos apanhar boleia. Um foi na fronteira entre a Bulgária e a Turquia, onde há uma tensão gigante, fomos confundidos com refugiados e constantemente interpelados pela Polícia. Tomámos a decisão de tomar um autocarro até à capital da Turquia, Istambul".
A outra situação de tensão ocorreu entre Antalya, na Turquia, e Amã, na Jordânia. "Inicialmente, o plano era passar pelo Irão. Tornou-se um país demasiado inseguro para estrangeiros. Toda a gente nos recomendou para não atravessar a fronteira e decidimos fazer a viagem de avião".
Portugal na ementa
O grupo de amigos deslocou-se ontem ao centro de treinos da seleção lusa e assiste hoje ao vivo ao Portugal-Gana, no Estádio 974. Dentro de dias regressa a Lisboa. Agora, de avião, naturalmente.