Parcelas iguais de um total de 60 anos. Vivem juntos, em Braga. Na clausura, por causa do maldito vírus. Vivem de treino, de descanso, de bom trato e da disciplina higiénica que a pandemia exige a futebolistas profissionais. Sem bola, fintam o exílio, com redes sociais, música, Netflix e PlayStation. Ou com a consola de um campeonato virtual.
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Algures em Braga, um jovem futebolista espanhol, confinado a isolamento sanitário, põe-se aos comandos do FIFA 20 e lá desde casa conduz os "Gverreiros à vitória sobre o Boavista (3-1), em jogo do campeonato virtual Liga NOS #ficaemcasa. O "gamer" Abel Ruiz é logo felicitado pelos hóspedes lá de casa, os amigos e colegas Trincão e David Carmo.
"Eles são um suporte muito importante nesta fase. Estamos os três juntos e assim não estou sozinho, uma vez que a minha família não pôde viajar", conta Abel, um craque igualmente dotado de "skills" para o jogo de vídeo.
"Jogar com um comando é diferente, é mais difícil para mim, principalmente ao nível de pressão e nervos. Mas consegui a reviravolta e ganhar o jogo. E ainda bem, senão a equipa ia matar-me (risos)", afirma Abel.
O jovem valenciano de Almussafes fez toda a formação em "La Masia" e está no Minho por empréstimo do Barcelona. Ao serviço das seleções jovens de Espanha, já se tinha cruzado com Trincão e David Carmo e agora priva com eles ainda mais de perto, numa rotina que não podia ser mais próxima.
"Estamos a fazer os treinos que o clube nos manda. Fazemos exercício e tentamos encarar a situação da forma mais natural possível. Esperamos que isto passe o mais depressa possível. Para isso, os profissionais de saúde estão a fazer o seu trabalho e nós temos todos que ficar em casa para podermos o quanto antes voltar a fazer o que mais gostamos: treinar todos os dias e jogar".
Nestes tempos de pandemia e de medo, o recolhimento destes futebolistas profissionais seria um rígido monastério, um regime totalitário, se não houvesse formas de transpor a redoma. É ao que se sujeitam estes três, mais do que colegas, amigos. Têm todos 20 anos e horizontes sem fim, embora confinados à trincheira sanitária. Um reduto de combate ao maldito coronavírus, que o trio combate com a bonomia possível e com muita música.
"O Trincão gostava de ser rapper. É uma coisa de que gostamos, é nosso estilo musical. No Braga, estamos sempre juntos, é hip-hop até o dono da casa, o Abel, meter o reggaeton dele...", observa David Carmo.