Em Sevilha, o Braga disputa o jogo mais importante da sua história. Vai defender o resultado de 1-0 da primeira mão para chegar à fase de grupos da Champions. É um duelo entre clubes semelhantes: os dois presidentes defendem o mesmo modelo de gestão.
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Quis o destino que o Braga disputasse o play-off de acesso à milionária Liga dos Campeões diante de um adversário com muitos pontos de contacto em termos de modelo desportivo. O clube minhoto segue a mesma linha de gestão do Sevilha, a mesma política de crescimento sustentado e a mesma ambição no plano nacional. São dois clubes muito semelhantes e o sucesso de ambos é o reflexo da filosofia defendida pelos dois presidentes.
Em 2003, quando António Salvador assumiu a liderança do Braga, o clube começou a ter como motor uma dinâmica mais empresarial. Passou a comprar activos a preço de saldo e a vendê-los por valores astronómicos, sem beliscar a carreira desportiva. O clube cresceu como nunca, soube valorizar jogadores e passou a correr por fora na luta pelo primeiro lugar da Liga E também traçou como objectivo participar de forma assídua nas competições europeias.
Tudo somado, as finanças da SAD estão a salvo de qualquer crise e basta analisar os números para se perceber o fenómeno dos arsenalistas. Desde que Salvador foi conduzido à liderança, a sociedade já facturou cerca de 35 milhões de euros em transferências e sem nunca perder o rumo desportivo na Liga. Aliás, cada vez mais o Braga se assume como o quarto grande do futebol português e tem uma estrutura tão profissional como o F. C. Porto, Benfica e Sporting.
O milagre operado por Del Nido
Por todos esses aspectos, os minhotos têm muitos pontos de contacto em relação ao rival espanhol. Em 2002, José María Del Nido foi eleito presidente do Sevilha e herdou um clube arruinado do ponto de vista financeiro e com dívidas no valor de 40 milhões de euros. A alimentar o cenário de crise profunda havia um histórico de subidas e descidas de divisão constantes. O estádio chegou a estar perto de ser vendido, mas Del Nido soube estancar os problemas à custa da mesma filosofia que orienta o trabalho do presidente do Braga. Todas as épocas, o clube vende os melhores jogadores por preços exorbitantes e à custa disso já encaixou mais de 100 milhões de euros em transferências.
Compra barato e transacciona caro, aliás, o exemplo mais flagrante chama-se Dani Alves, que custou 800 mil euros e foi vendido ao Barcelona por 40 milhões.
Em termos desportivos, tanto o Braga como o Sevilha têm a mesma base de apoio. Correm por fora nos respectivos campeonatos, gostam de morder os calcanhares ao grandes e procuram uma brecha para chegarem à liderança. Mas os espanhóis têm a ligeira vantagem de já terem disputado a Liga dos Campeões e de terem vencido, recentemente, duas Taças UEFA e uma Supertaça.
Hoje, terça-feira, à noite, defrontam-se no quente Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, onde os minhotos disputam o jogo mais importante da sua história. O objectivo é segurar a vitória de 1-0 da primeira mão e chegar à fase de grupos da Champions, o que seria inédito. Ao doce desportivo, junta-se o açúcar financeiro de quatro milhões de euros (3,1 já estão garantidos com a Liga Europa). É o bolo perfeito...