O treinador do F. C. Porto manifestou o desejo de fechar 2023 com uma vitória sobre o Chaves, esta sexta-feira no Dragão, desejou os parabéns a Pinto da Costa e voltou a criticar a longa janela de transferências de janeiro. “Mais vale confiar no que temos”.
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No dia em que o presidente dos dragões celebra 86 anos, Sérgio Conceição começou a conferência de impressa de antevisão do duelo com os transmontanos com uma mensagem para o líder dos azuis e brancos.
“Desejo-lhe muita saúde e felicidades, não só desportivas como pessoais. É admirável que uma pessoa com tantos títulos conquistados, pense sempre no próximo. Isso mostra a sua personalidade, tem sido um grande percurso sempre com os mesmos quatro pilares: rigor, competência, ambição e paixão. Isso, para ele, é inegociável”, destacou o técnico, antes de analisar o jogo frente à pior defesa do campeonato.
“Com um 1-0 já ficaria feliz. A vitória é o mais importante, queremos associar à vitória coisas que ambicionámos. Queremos melhorar, evoluir o jogador nas suas tarefas e, com isso, a equipa fica a ganhar. Fico sempre desconfiado das equipas em dificuldade. Lembro-me do Farense e Estoril, que estavam em dificuldade quando jogaram no Dragão. O Chaves tem jogadores de qualidade. Vamos ter um jogo difícil, mas queremos, claramente, acabar o ano com uma vitória. Faz parte da caminhada no nosso principal objetivo”, defendeu, reconhecendo que é natural que o Chaves, tal como outras equipas, se apresente mais motivado nos duelos com os grandes.
"Não podemos adivinhar ou condicionar o foco, a concentração e o trabalho das equipas que jogam contra nós. Os jogadores ficam sempre, e não devia ser assim, mais motivados por jogar nestes palcos e chegam com aquele brilho no olhar. As coisas tornam-se mais difíceis. As equipas defendem mais e torna-se difícil desmontar o esquema defensivo. Também temos de estar atentos ao ataque do Chaves, que tem qualidade”, acrescentou Conceição, antes de abordar o mercado de inverno.
As constantes lesões de Veron
“Vamos entrar num período que eu acho que está aberto demasiado tempo. Esses ajustes que poderão surgir serão alvo de uma conversa com o presidente”, admitiu, antes de aprofundar o assunto.
“O meu sentimento é que quando se mexe é pior. O mercado de janeiro devia servir apenas para reajustes por lesões, como o Marcano. Entrarem e saírem três ou quatro jogadores não me parece o melhor: ou são jogadores cuja qualidade seja inequívoca e entrem de caras na equipa, ou o tempo de adaptação vai coincidir com as férias [de verão]. Não temos arcaboiço para ir buscar as grandes estrelas e, por isso, é melhor confiar nas soluções que temos”, reconheceu Conceição, antes de se referir a Veron, que foi emprestado ao Cruzeiro, e a David Carmo, que está a trabalhar com a equipa B.
“O David está a treinar e poderá competir. O Veron não fez um jogo completo [na época passada], esteve sistematicamente lesionado. Temos um excelente departamento médico, depois cabe aos jogadores. Nós só controlámos os jogadores durante duas ou três horas e, se calhar, alguns têm de ser mais profissionais. O jogador depende do seu corpo e por uma razão ou outra o Veron teve azar de se lesionar muitas vezes. Fizemos todo o possível a ajudá-lo a ter sucesso. Cabe-lhe agora justificar o sucesso”, referiu.
Sobre a luta pelo título e a ambição europeia, depois de ter garantido a presença nos oitavos de final da Liga dos campeões, Conceição reconhece que o futebol mudou muito nos últimos anos e que isso trava um pouco as ambições das equipas portuguesas nas provas da UEFA.
“Não estou a lamentar a perda dos jogadores, mas a saída de alguns com peso na equipa dificulta. Não temos superstars, temos jogadores de trabalho e que seguem os pilares do presidente. Tentamos, com muito trabalho e dedicação, lutar pelos objetivos. É sempre difícil, as dificuldades serão diferentes: acredito que as quatro principais equipas vão lutar até ao fim pelo título. No contexto atual, é muito difícil manter os melhores jogadores durante quatro anos, se isso acontecesse estaríamos a ombrear com os tubarões da Europa”, garantiu o treinador, que vai ter de lidar com as ausências de Taremi e Zaidu por causa dos compromissos das seleções.
“Cabe-me a mim encontrar soluções. O Taremi é extremamente inteligente na ocupação do espaço, cria situações para a equipa, algo que às vezes não é visível para os adeptos. Somos a equipa com mais pontos no ano civil de 2023, a equipa com mais vitórias em casa no Mundo. Mesmo não ligando a estatísticas, aproveitei para as referir, mas são o que são. Estamos a três pontos do Sporting, estamos fora da Taça da Liga. Temos de nos concentrar nas provas nacionais e nos oitavos de final da Champions. Nem tudo foi bom [em 2023], que não foi, mas houve muitas coisas positivas”, salientou Conceição.