<p>Os bracarenses sorriem, os vimaranenses mostram indiferença e refutam os números. Tudo por causa de três centenas. Para ser mais exacto, 331. O leitor ainda não terá percebido, mas eu explico: 331 é a actual diferença em número de sócios entre os dois clubes, com o Braga (24353) a levar vantagem sobre o Guimarães (24022).</p>
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A ultrapassagem arsenalista é um facto histórico, olhando à fidelidade do público vitoriano. Porém, as leituras divergem e a rivalidade é quem mais impera na hora de reagir à contagem. A mesma rivalidade que não obstou a que António Salvador e Macedo da Silva tivessem assistido juntos ao Braga-Partizan.
Em Guimarães, ontem, à tarde, no complexo desportivo, a visionarem o treino, os adeptos não deram qualquer importância à contabilidade associativa. Salientaram que o Guimarães procedeu à actualização dos cartões este ano e que o Braga não fez o mesmo. Uma observação confirmada depois pelo JN, junto do clube bracarense, estando essa acção, no AXA, só programada para 2011.
Descendo até ao coração da cidade, nas redondezas do Estádio D. Afonso Henriques, os sócios foram mais expansivos. "Esses números parecem uma brincadeira. Basta meia dúzia de maus resultados para as assistências no Braga caírem para metade. Nós somos únicos. Mesmo com a descida de divisão acompanhámos sempre a equipa. Ainda agora, em Setúbal, metemos duas a três mil pessoas no estádio. Lá até nos perguntaram: em Guimarães não se trabalha?", sustenta José Mendes, com 40 anos de associado e dois filhos que já fizeram as bodas de prata com o Vitória. Mário Cardoso, de 30 anos e funcionário na bomba de gasolina junto ao estádio, é outro apaixonado pelo Guimarães. Também não crê na desvantagem vitoriana. Inscreveu a filha, de quatro anos, como sócia, e faz tudo para não perder os jogos. Muitas vezes, o rescaldo das jornadas é feito no emprego, altura em que os clientes combinam o abastecimento das viaturas com dois dedos de conversa.
Champions favorece o Braga
Do lado do Braga, há quem reaja de forma comedida e há quem exulte com a superioridade na tabela associativa. Adriano Carvalho, de 65 anos e 35 de sócio, toca num ponto capital para justificar o avanço arsenalista - a presença na Champions. Reconhece que na Cidade Berço "há mais bairrismo", mas atalha que Braga, "clube e cidade, têm vindo a ganhar uma dinâmica muito própria". Admite também que a presente situação possa "encher o ego a muita gente", mas observa que a "vantagem pode ser pontual", mercê da presença ou não na Champions.
Determinada, Maria da Costa, de 53 anos, espalha fervor clubístico nos seus giros pela zona da Arcada. O discurso soa a triunfo. "É muito bom ter mais sócios. O Braga é o quarto grande. Não é o Guimarães. Até devia ser o terceiro, pois o Sporting não é nada!...", afirma, plenamente convencida da recandidatura de António Salvador. "É um duro. Ele fica, ele fica..."