Demol, antigo defesa dos dragões, caracteriza ainda o Brugge, adversário dos dragões na Liga dos Campeões.
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Foi há mais de três décadas e durou apenas uma época (1989/90), mas a passagem do belga Stéphane Demol pelo F. C. Porto deixou marcas. O antigo central, hoje com 56 anos, reage sempre com um sorriso quando se lhe fala dos dragões e esta ocasião não fugiu à regra.
"Já não vou ao Porto há algum tempo e nos últimos anos a pandemia também não deixou. Quando vou, gosto sempre de reencontrar amigos e de cumprimentar o presidente Pinto da Costa. O Sérgio Conceição foi meu jogador [Demol era treinador-adjunto no Standard de Liège quando o técnico portista lá jogou, em 2005). Conheço-o bem e gostava de lhe dar os parabéns pelo percurso muito bom que tem feito", afirma, ao JN, o ex-internacional belga, que na temporada em que vestiu de azul e branco foi campeão e brilhou pela eficácia com que batia grandes penalidades, tendo marcado as 12 que tentou.
"Já sei que o Diogo Costa é especialista a defender. Os meus penáltis ficarão sempre na história do F. C. Porto e acho que lhe conseguiria marcar um, mas isso não interessa agora. O importante é que ele esteja bem na baliza e que defenda os penáltis quando for possível para ajudar a equipa", sublinha.
"Brugge não é surpresa"
Surpreendido com o resultado do primeiro jogo entre a equipa portista e o Brugge, pois "normalmente o F. C. Porto não perde 4-0 em casa com ninguém", Demol considera que os dragões terão de estar "ao melhor nível" para conseguirem mudar o cenário e ganhar hoje na Bélgica.
"O Brugge já está apurado, mas vai jogar em casa e quer ganhar. É uma equipa com grande ambição", refere o antigo central, para quem o sucesso do adversário dos portistas não é inesperado: "Os clubes belgas estão bem na Europa e o que o Brugge tem feito, tirando os números da vitória no Porto, não é surpresa. É um clube que, a nível financeiro, tem um grande avanço sobre os rivais na Bélgica. Sabe o que está a fazer, compra e vende jogadores por muito dinheiro, tem um grande plantel".
"O Brugge tem um grande guarda-redes [Mignolet], que está a fazer uma época incrível e só não é o titular da seleção da Bélgica porque existe o Courtois, o melhor do Mundo. Tem um central muito jovem, o Sylla, que está a ser uma enorme revelação. Contratou jogadores como o Casper Nielsen, que é da seleção da Dinamarca. E ainda pagou perto de 15 milhões pelo Yaremchuk, que veio do Benfica e nem sequer tem sido titular porque o espanhol Jutglà está em grande forma. É, de facto, uma equipa com muita qualidade", salienta Demol.
"No campeonato, eles já perderam alguns pontos e penso que dois dos maus resultados que tiveram aconteceram em jogos que se seguiram a vitórias na Liga dos Campeões. Talvez tenha acontecido por alguma falta de concentração", opina, deixando ainda elogios a outra equipa belga, o Union St. Gilloise, que está no grupo do Braga na Liga Europa.
"É um clube que está a crescer e também tem bons jogadores. Veio da segunda divisão e no campeonato passado ficou em segundo lugar, só atrás do Brugge. Têm jogado muito bem na Liga Europa, lideram o grupo e não perderam nenhum jogo com o Braga [vitória no Minho e empate em casa]. O Union também possui bons jogadores", reforça o antigo central, um dos destaques da seleção belga que brilhou no Campeonato do Mundo de 1986, no México, onde os "diabos" só caíram nas meias-finais perante a Argentina, de Maradona (fez os sete jogos dessa campanha).
Quatro anos depois, em 1990, no fim da época em que representou o F. C. Porto, Demol voltaria a marcar presença no Mundial de Itália (fez quatro jogos), no qual a Bélgica foi eliminada nos oitavos de final pela Inglaterra.