Sporting ultrapassa os 200 milhões neste milénio com a formação. Benfica aparece a seguir e F. C. Porto fecha o pódio.
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A formação está na moda. No início deste milénio, o paradigma mudou e, felizmente, para o futebol português os clubes começaram a perceber que valia a pena investir nas camadas jovens e assim retirar dividendos a nível desportivo e financeiro. Nos dias que correm deixou de ser tão estranho ver jovens de 18 anos a estrearem-se na equipa principal mas há uns bons anos não era assim.
As academias e as equipas bês foram plataformas importantes para potenciar os jovens talentos e, entre os três grandes, é o Sporting que mais tem enchido o cofre, tendo encaixado 222,9 milhões de euros com transferências de jovens formados na cantera. Tudo começou com a venda de Hugo Viana para o Newcastle, por 12,75 milhões, e outros se seguiram como um tal de Cristiano Ronaldo, que, na ocasião, foi transferido por 15 milhões para o Manchester United. Uma migalha nos dias que correm, mas um grande negócio em 2003.
Historicamente, os leões são bons formadores e, em 2016, João Mário protagonizou o recorde de transferência, rumando ao Inter de Milão a troco de 40 milhões.
No último defeso, embora na sequência do lamentável ataque a Alcochete, William Carvalho e Rui Patrício também saíram, tendo o Sporting encaixado 16 e 18 milhões, respetivamente, por cada um.
Fábrica do Seixal
Em 2015, assistiu-se ao "boom" encarnado no que diz respeito a vendas da formação. Num ápice, o Benfica somou mais de 60 milhões com as transferências de Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro, André Gomes e João Cancelo.
No ano seguinte, após ter sido um dos heróis na conquista do Euro 2016, Renato Sanches foi vendido para o gigante alemão Bayern Munique, por 35 milhões. Gonçalo Guedes abalou para o Paris Saint Germain, por 30 milhões, e a academia do Seixal, definitivamente, passou a ter outra credibilidade junto dos colossos europeus.
Feitas as contas, o Benfica amealhou, neste milénio, 169,6 milhões, sendo que o grosso do valor foi arrecadado nos últimos quatro anos.
Entre os grandes, o F. C. Porto é o que menos tem faturado com a formação, mas a desvantagem em relação aos rivais até foi bem atenuada nos últimos anos com as transferências de Diogo Dalot (22 milhões), André Silva (38 milhões) e Rúben Neves (12,5 milhões). Ao todo, os dragões já encaixaram 154,85 milhões, menos 14,75 milhões que o Benfica.
João Félix cria água na boca aos tubarões da Europa
O fenómeno da exportação dos talentos gerados na cantera dos clubes nacionais promete ter novos capítulos em breve, talvez já no próximo defeso. A aposta do Benfica nos "bebés" de Lage é para manter mas os responsáveis sabem que será cada vez mais difícil resistir à pressão e tentação de vender algumas das joias da coroa. Na linha de frente, no que diz respeito a vendas, surgem os nomes de Rúben Dias e João Félix. O central encarnado já foi associado ao Lyon e o jovem atacante já não passa despercebido entre os gigantes da Europa, entre eles Paris Saint-Germain, Real Madrid, Barcelona ou Manchester United, que têm nos blocos de notas todos os apontamentos sobre a evolução do avançado que concluiu a formação no Seixal, depois de ter dados os primeiros pontapés na bola nas camadas jovens do F. C. Porto.
O Benfica quer segurar João Félix a todo o custo e pensa em subir a cláusula de rescisão, que, para já, está cifrada nos 120 milhões.
Garantia central
Na montra portista há nomes que se destacam como o central Diogo Leite, que até iniciou a época a titular e deixou boas indicações. O defesa abriu a época a ganhar a Supertaça, em Aveiro, e marcou um dos golos na vitória (2-3) sobre o Belenenses, no Jamor, no arranque da época. Hoje, é visto como uma aposta para o presente e o futuro.
Esta época, os turcos do Besiktas e os alemães do Borussia Monchengladbach quiseram perceber as possibilidades de negócio, mas o jogador acabou por renovar contrato, ficando ligado aos portistas até 2023 com uma cláusula de 40 milhões.
Nos bês portistas, evoluem ainda o guarda-redes Diogo Costa e o central Diogo Queirós, que se sagraram campeões da Europa sub-19, e estão bem cotados entre alguns dos principais clubes na Europa.
Em Alvalade, mora mais um dos campeões europeus sub-19, o médio Miguel Luís, que já leva 11 jogos e dois golos na equipa principal. O centrocampista é uma das grandes promessas do emblema leonino e a SAD pretende, desde já, blindar o jogador, estando em cima da mesa a renovação do contrato e uma cláusula de 45 milhões.
Jovane Cabral é outra das pérolas limadas na formação verde e branca, mas, para já, está seguro, com uma cláusula de 60 milhões.