O presidente da Federação de Ginástica de Portugal, recentemente reeleito, acredita que a modalidade pode estar a salvo de cortes nos apoios públicos para 2013, mas admite que se os mesmos acontecerem "vão significar um retrocesso".
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Apesar do corte médio de 9% às federações, anunciado pelo governo, João Paulo Rocha mantém a expectativa de que o apoio à Federação de Ginástica de Portugal (FGP), que conta com 15 mil filiados e 300 clubes, suba.
"Dentro de todos os parâmetros que parecem estar definidos para atribuição de verbas, a ginástica está muito bem classificada", afirma João Paulo Rocha, acrescentando: "Somos a terceira federação com menos dependência, atrás da de futebol e da equestre", disse o presidente da FGP, em declarações à agência Lusa, referindo que em 2012 o organismo recebeu cerca de 1,2 milhões de euros.
João Paulo Rocha, reeleito este mês para os próximos quatro anos, admite que uma "eventual redução significaria um retrocesso no alto rendimento e na prática". "A cortar tem que ser na atividade, porque já não é possível cortar na estrutura", alertou.
Em 2013, a FPG quer, de acordo com o presidente, continuar a apostar no crescimento, aumentar as qualificações de dirigentes e treinadores e investir na captação de técnicos, sobretudo nas disciplinas, rítmica, artística e aeróbica.
"A única hipótese que temos de sobreviver é o associativismo. Queremos captar clubes que não são federados e aumentar a qualificação de treinadores e dirigentes" disse, acrescentando: "Temos défice de treinadores, por isso é preciso investir no crescimento dos que temos e eventualmente recorrer à importação".
Com sete disciplinas, cada uma com regras próprias, João Paulo Rocha define a ginástica como "um barco com grande diversidade e qualidade" e defende a necessidade de estágios conjuntos como o que decorre até domingo no Centro de Alto Rendimento de Anadia e junta mais de 100 atletas.
"Estes estágios permitem uma aproximação das disciplinas, bem como troca de experiência tanto ao nível dos técnicos como dos atletas, fizemos o primeiro em abril, e temos agora este, o primeiro com as sete disciplinas. Queremos tentar fazer dois por ano", assume.
O dirigente assegura que a FGP quer "continuar a conseguir qualificações olímpicas" a manter o nível internacional nas disciplinas não olímpicas e a crescer na rítmica "disciplina na qual Portugal não tem estado presente em grandes competições internacionais, nomeadamente com a presença de um conjunto sénior no próximo mundial".
João Paulo Rocha lembra que em Portugal quase não existem instalações especializadas para a prática de ginástica e refere que a FGP tem um projeto inovador para apresentar a algumas autarquias.
"Temos um projeto de instalação tipo, que custa à volta de dois milhões de euros e é autossustentável, com salas especializadas e instalações polivalentes", explica, considerando que "apesar do momento depressivo este é o caminho, porque as autarquias têm sido as grandes investidoras no desporto".
O próximo ano ficará marcado pela realização em Portugal de eventos com grande visibilidade internacional, nomeadamente cinco Taças do Mundo - de cinco disciplinas - e do campeonato da Europa de acrobática, que deverá reunir em Odivelas cerca de mil participantes.