Mourinho: "Se ficasse em casa até ao final da época, ganhava mais do que a trabalhar no Benfica"
José Mourinho, treinador do Benfica, falou do líder Otamendi, da questão financeira, evitou falar das eleições do Benfica e deu conta que caso fosse contactado pelos rivais não teria aceite "com a velocidade" que disse sim aos encarnados.
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O Benfica recebe o Rio Ave na terça-feira, num encontro marcado para as 20.15 horas. Na antevisão, José Mourinho voltou a lembrar que não quis fazer alterações muito bruscas na equipa e falou das dinâmicas de Pavlidis e Ivanovic num sistema de 4x4x2.
"Cada jogo tem uma estratégia. Se há 20 anos tínhamos uma abordagem específica para cada jogo, imagine-se agora. Não quis desvirtuar muito o que eles eram enquanto equipa. Gosto de coisas diferentes e, sem querer desvirtuar muito, sem dar muita informação, foram introduzidas algumas coisas. A maneira como saltamos na pressão, os timings da pressão, movimentos ofensivos, transição após recuperação. São conceitos normais, que se fosse o Bruno a ter ido para o Fenerbahçe também alteraria algumas coisas. O futebol é assim. Tentei dar uma dinâmica ofensiva diferente à equipa. Não os senti aos dois muito confortáveis a jogar um 4x4x2 'flat', como se diz na Inglaterra. O Sudakov também se enquadrou bastante bem naquela dinâmica. As coisas correram melhor na segunda parte", disse.
"Estar em casa não é para mim"
Quanto ao salário, esse até teria sido mais vantajoso noutra condição: "Se ficasse em casa até ao final da época, ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. A visitar a família, a estar em Londres com a família, a ir para o Algarve, a dar umas voltas por aí, eu ganhava mais do que no Benfica. Nem se pode dizer que estou cá grátis, estou cá negativo. Gosto muito de trabalhar, tinha saudades de jogar para o título. É uma oportunidade ótima para mim enquanto treinador e enquanto pessoa. Estar em casa não é para mim. Quero por-me à prova, correr riscos, estar sujeito a ganhar, perder, são coisas que me alimentam, que me tiram da zona de conforto", confidenciou, falando seguidamente sobre a sensação de se estrear em casa.
"Fui ao Estádio da Luz várias vezes, gosto de ir nos momentos bons, e estive numa boxe onde estavam o pai do António Silva, do João Neves, na altura, tudo gente tranquila. Estou familiarizado com o estádio. Aprendes as músicas, que são bonitas, ritmadas e com significado. Esse tem de ser o ambiente. Se calhar sou purista, mas não acredito que não haja um benfiquista que não queira ganhar. Tem de haver festa no princípio, apoio durante e no final, como disse várias vezes aos jogadores, o Benfica ou ganha, ou não ganha, mas sai morto de cansaço. Perder como perdemos com o Qarabag, as pessoas não se reveem. Isso não é a ideocracia do Benfica. No fim do jogo será festa ou respeito por quem deu tudo e não tinha mais para dar", atirou.
O capitão Otamendi e as eleições
Dentro de um grupo jovem há um perfil de jogador que se destaca claramente como um líder e um exemplo: "Isto é uma equipa de miúdos com um homem que é campeão do Mundo [Otamendi], que tem carradas de experiência ao mais alto nível, que é o capitão. Já tive clubes onde a braçadeira não estava no braço certo, pode acontecer, mas neste caso está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão e que se assume como capitão. O que me surpreendeu favoravelmente é que quem vem da formação, sejam mais velhos ou mais jovens, esta gente vem com um vocabulário ligado de palavras com significado e com a escola do Benfica", considerou.
Já a voz rouca é como "o bronzeado de trabalho, só na cara e nas mãos" e a recuperação de Lukebakio até surgiu mais cedo do que seria esperado: "O Benfica perdeu Aktürkoglu e Bruma, precisava de um ala que foi bem escolhido porque dá a opção de jogar tanto pela direita ou pela esquerda e que tem uma idade e experiência o mais equilibrado possível. Está ali numa idade perfeita de maturidade. É um jogador com grande potencial, que não estávamos à espera que pudesse jogar amanhã, estávamos a prepará-lo só com o Gil Vicente. Neste momento, com esta abertura, retardámos o processo de preparação dele para podermos ter amanhã sem estado exagerado de fadiga. Está no banco e se tiver de ir a jogo, vai a jogo".
Por fim, Mourinho falou da conversa com Varandas e Villas-Boas, disse que em caso de convite pelos rivais não teria aceite "com a velocidade" que disse sim aos encarnados e preferiu não comentar as eleições: "Se me perguntar se fiquei agradado, e até com algum orgulho, do facto de candidatos terem proferido palavras de respeito relativamente à minha pessoa como treinador? Devo dizer que sim. Mas estou completamente isolado desse contexto", rematou.