Oito treinadores, quatro finalistas, um bicampeão: as aspirações portuguesas na Liga Europa
É a segunda vez que Portugal conta com quatro equipas na fase a eliminar da Liga Europa. Na primeira, a final foi portuguesa. Além disso, nunca nesta altura da prova houve tantos treinadores lusos: são oito. As estatísticas apontam para o sucesso nacional, tendo em conta o percurso europeu de Benfica, F. C. Porto, Sporting e Sporting de Braga.
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A última vez que Portugal contou com a presença de quatro equipas nos 16-avos da Liga Europa, a final foi portuguesa. 2011 foi marcado pelo triunfo português na Europa, com a mítica final entre F. C. Porto e Sporting de Braga, que resultou na vitória dos dragões com um golo de Falcao. Nas meias-finais dessa edição, os bracarenses afastaram o Benfica. Já o Sporting caiu na primeira fase a eliminar. Este ano, estão novamente as quatro equipas nessa fase da prova e o caminho pode levar a uma nova final portuguesa.
O F. C. Porto tem um histórico notável na prova, apesar de não ter presença assídua, isto porque os dragões são a terceira equipa com mais participações na Liga dos Campeões (23, apenas atrás de Real Madrid e Barcelona, com 24). As últimas duas vezes que disputaram a Taça UEFA/Liga Europa desde a fase de grupos venceram-na, dando esperanças aos portistas de uma nova conquista. Além do Braga, o adversário dos azuis e brancos na outra final conquistada foi o Celtic Glasgow em 2003.
Desde o troféu de Dublin, o F. C. Porto caiu por três vezes da Liga dos Campeões para a Liga Europa e em nenhuma delas conseguiu passar dos quartos-de-final. Na fase de grupos desta edição, todos os adversários dos azuis e brancos tinham hipótese de seguir em frente, antes do apito inicial da última jornada, e uma vitória era suficiente para os dragões avançarem. Derrotaram o Feyenoord por 3-2 e beneficiaram do empate na partida entre o Rangers e o Young Boys para carimbar o primeiro lugar do grupo, que deu direito a ser cabeça de série no sorteio.
Ao Benfica só falta vencer a final
O Benfica registou duas presenças seguidas na final, em 2013 e em 2014, nas derrotas contra o Chelsea e Sevilha. Em ambos os anos, tinha sido recambiado da principal prova europeia para a Liga Europa e pode agarrar-se a essa estatística para acreditar numa possível ida à final, embora no ano passado as águias tenham sido eliminadas pelo Eintracht Frankfurt nos quartos-de-final. Os encarnados sonham com a quarta presença numa final desta prova, depois de falhar a passagem na Liga dos Campeões. Além das finais desta década, o Benfica já defrontou os belgas do Anderlecht na final de 1983, ainda a duas mãos, na qual saiu derrotado.
Sporting esteve perto da glória mas caiu em casa
O Sporting alcançou a final desta competição por uma vez em toda a história do clube, contra o CSKA de Moscovo, em 2004/2005, na qual saiu derrotado, no próprio Estádio de Alvalade. Desde aí conta com onze presenças na prova, embora só tenha alcançado por uma vez as meias-finais, em 2011/2012, contra o Atlético de Bilbau, e por duas vezes os quartos-de-final. Nesta edição, os leões venceram quatro jogos em seis, embora a derrota no último jogo contra o LASK Linz lhes tenha valido apenas o segundo lugar do grupo.
Braga quer vingar final de 2011
O Sporting de Braga sonha repetir a memorável proeza da final de Dublin, em 2011. Esta é a quinta presença dos bracarenses depois desse feito e já alcançaram por uma vez os quartos-de-final, em 2015/2016, com os ucranianos do Shakhtar Donetsk. Esta época, o primeiro lugar no grupo com cinco vitórias e um empate é um impulso para a fé minhota, que tem surpreendido a Europa com as exibições, nomeadamente contra o Wolverhampton, que apesar de estreante é também um dos fortes candidatos.
A outra equipa do Minho, o Vitória de Guimarães, ficou pelo caminho, embora tenha realizado uma campanha positiva num grupo pouco acessível, com duas exibições de qualidade frente ao Arsenal (onde apenas arrecadaram um ponto) e com uma vitória em casa do Eintracht Frankfurt, na Alemanha. O conjunto orientado por Ivo Vieira saiu de cabeça levantada da competição.
Portugal com maior número de equipas e de treinadores
Se por um lado Portugal é o máximo representante das equipas (quatro, mais do que Inglaterra, Espanha e Alemanha, com três), também o é nos treinadores. No total, são oito técnicos portugueses na Liga Europa: Silas (Sporting); Sérgio Conceição (F. C. Porto); Bruno Lage (Benfica); Paulo Fonseca (Roma); Luís Castro (Shakhtar Donetsk); Pedro Martins (Olympiacos); Nuno Espírito Santo (Wolverhampton) e Ricardo Sá Pinto (Sp. Braga). Na Liga dos Campeões, José Mourinho também está presente, o que permite bater o recorde de 2011/2012, quando Portugal contava com oito treinadores portugueses nas duas provas europeias. Atualmente, são nove.
A probabilidade de um treinador português vencer a prova é maior do que qualquer outra nacionalidade, visto que Portugal representa 25% dos técnicos. Em 32 clubes nos 16-avos-de-final, oito são orientados por portugueses, sendo que a seguir vem a Holanda, a Espanha e a Alemanha, com três cada.
Das equipas presentes na prova, sete já a venceram: Eintracht Frankfurt, Bayer 04 Leverkusen, Ajax, Manchester United, F. C. Porto e Inter de Milão por duas vezes, e o Sevilla por cinco vezes, sendo o maior vencedor da prova. Entre 2013 e 2016, os "sevillistas" venceram a prova por três vezes seguidas, uma delas frente ao Benfica.
Há mais um clube "português" na discussão
O adversário do grupo do Sporting de Braga, o Wolverhampton, é considerado o quinto "português" na competição e é um sério candidato a levantar o troféu em Gdansk, na Polónia. A equipa é orientada pelo português Nuno Espírito Santo e conta no plantel com Rui Patrício, Rúben Vinagre, Rúben Neves, João Moutinho, Pedro Neto, Bruno Jordão, Diogo Jota e ainda com Willy Boly e Raúl Jiménez, que já atuaram na Liga portuguesa. Além destes, fazem parte do clube os emprestados Ivan Cavaleiro, Hélder Costa e Roderick Miranda.
Na partida entre o Wolverhampton e o Sporting de Braga, estavam um total de onze jogadores portugueses dentro de campo e mais cinco no banco de suplentes, um número superior a vários jogos do campeonato português. A equipa de Nuno Espírito Santo alinha com uma média de portugueses em campo superior ao F. C. Porto e ao Sporting. Sérgio Conceição coloca em média 2,3 portugueses no onze inicial em cada jogo da Liga Europa e Jorge Silas um número exato de três por encontro. Os Wolves contam com uma média de 3,7, ainda bem abaixo das outras equipas portuguesas, visto que Bruno Lage alinha com uma média de 5,2 portugueses por partida (Liga dos Campeões) e Ricardo Sá Pinto com 6,5.
As equipas cabeças de série para o sorteio dos 16-avos-de-final são: Sevilha, Malmo, Basileia, LASK Linz, Celtic Glasgow, Arsenal, F. C. Porto, Espanhol, Gent, Istanbul, Sp. Braga, Man. United, Ajax, Salzburgo, Inter Milão e Benfica.
Os não cabeças de série são: APOEL Nicósia, Copenhaga, Getafe, Sporting, Cluj, Eintracht Frankfurt, Rangers, Ludogorets, Wolfsburgo, Roma, Wolverhampton, AZ Alkmaar, Bayer 04 Leverkusen, Shakhtar Donetsk, Olympiacos e Club Brugge.
As equipas portuguesas não podem, para já, defrontar-se entre elas, nem a equipa com quem jogaram no respetivo grupo, sendo que os dragões evitam o Rangers, os bracarenses o Wolverhampton e os leões o LASK Linz. As águias, que aterraram da Liga dos Campeões, só não apanham pela frente os leões.