O tão desejado campeonato inglês dificilmente escapará ao Liverpool, depois de vencer a Liga dos Campeões na temporada passada. Qual a principal razão para os reds serem tão dominantes na atualidade?
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O Liverpool está imparável no campeonato inglês e parece que se encontra numa evolução constante. A equipa adapta-se a qualquer adversário e pratica um futebol atrativo, misturado com uma pressão intensa na recuperação de bola. Pode até atingir o recorde máximo de pontos se der continuidade aos resultados conseguidos. A consequência das boas prestações dos reds não caiu do céu e até chegar aqui houve trabalho de toda a estrutura, jogadores e Klopp. Segundo a Sky Sports, existe um dado que parece explicar o sucesso deste super Liverpool.
A maior evidência da estratégia do Liverpool é a idade dos jogadores do plantel. A equipa não só tem os melhores jogadores, como tem os melhores neste preciso momento. Isto porque todos os outros concorrentes têm uma série de jogadores de classe mundial na equipa, mas quantos deles estão no pico de forma?
A média de idades do Liverpool é 27 anos, mas há um facto mais importante do que apenas este dado estatístico. É que a equipa não tem jogadores muito velhos e muitos jovens, mas sim uma grande quantidade de atletas no auge, com idade aproximada àquele valor.
Fazendo uma comparação os jogadores frequentemente utilizados pelas restantes seis equipas de topo em Inglaterra, o Liverpool tem 73,3% do plantel entre os 25 e os 29 anos, a idade considerada pelos especialistas como o pico das suas capacidades. A equipa seguinte é o Manchester City com 57,4%. O Tottenham 49,6%, o Chelsea 47,1%, o Manchester United 40,5% e o Arsenal afundado neste parâmetro com 26%.
Durante esta época, de todos os jogadores do Liverpool com mais de 1000 minutos na liga, o mais velho de todos é Jordan Henderson com 29 e o mais novo é Alexander-Arnold, com 21, seguido de Robertson com 25. Ou seja, praticamente todos os jogadores mais utilizados por Klopp estão a passar pelo auge das suas carreiras.
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Esta equipa parece moldada para tirar o melhor rendimento de todos os jogadores. É uma junção da estratégia de recrutamento de Michael Edwards, do trabalho de scouting liderado por Ian Graham, com estatísticas aprofundadas para realmente perceber se uma transferência vale a pena ou não, e claro, nada disto seria possível sem o impacto de Klopp na potencialização dos jogadores.
Na final da Liga dos Campeões da época transata, nove jogadores do onze inicial foram contratados entre os 23 e os 26 anos, à exceção de Arnold e Henderson - o primeiro por ser produto da academia e o outro estava na equipa desde os 20 anos. Estes dados permitem concluir que o Liverpool contrata os jogadores prestes a explodir e a entrar nos melhores anos, daí raramente esbanjarem dinheiro em jovens promessas.
A última contratação do Liverpool foi Minamino ao Salzburgo, por apenas 8,5 milhões de euros. Tem 25 anos recentemente completados, demonstrou qualidade no antigo clube, e vai entrar agora nos melhores anos da sua carreira. Mantendo-se a fórmula que tem dado resultado, o sucesso estará assegurado para os próximos anos.
A diferença do Liverpool para os principais rivais é gigante, não só pontualmente, mas também em outros aspetos fundamentais. Veja-se o caso do Manchester United e compreenda-se a impossibilidade de a equipa evoluir e conseguir conquistar títulos. No domingo passado, os reds receberam e venceram os red devils. Comparando os onzes iniciais de uma e outra equipa, é chocante a diferença de qualidade, apesar de o Man. United gastar mais dinheiro em transferências e salários do que o rival: tudo isto para regredir.
O Manchester United dificilmente consegue competir devido aos erros feitos nos últimos anos, baseados numa má gestão do clube. O recrutamento é centrado em grandes quantias de dinheiro para jovens e salários dispendiosos para jogadores mais velhos.
Henrikh Mkhitaryan (que já não está no clube) custou 45 milhões de euros com 27 anos, Matic (fala-se numa possível transferência) custou 47 milhões com 28 anos e Alexis Sánchez (joga atualmente no Inter de Milão) tornou-se o jogador mais bem pago da liga aos 29 anos. Estes erros levaram o clube a tentar mudar a abordagem às contratações, resultando na compra de Daniel James e Wan-Bissaka, dois jovens com potencial. No entanto, o United já conta com Anthony Martial, o jovem mais caro do mundo no momento da sua transferência, e Luke Shaw, o defesa mais caro de sempre na altura.
Ter jogadores mais velhos ou outros ainda muito inexperientes não é grave para um clube de topo, que pode conseguir montar uma estratégia vencedora. As complicações surgem quando há poucos no auge da carreira, segundo os dados que resultam da análise da Sky Sports. Um grande exemplo é o Arsenal que regularmente alinha com três jovens no onze: Reiss Nelson, Maitland-Niles e Bukayo Saka e depois tem um quarteto de jogadores para além dos 30 anos. O Liverpool nem na equipa técnica tem tantos com essa idade.
O caso do Chelsea é um projeto que demora o seu tempo a consolidar-se, embora tenha um potencial enorme a médio prazo, já que os jogadores que se têm destacado nos últimos jogos são os jovens lançados por Frank Lampard este ano. Possivelmente poderá causar estragos mais para a frente.
O fenómeno Klopp
A equipa montada por Klopp evoluiu imenso desde a entrada do técnico e é atualmente uma das melhores, se não a melhor, equipa do mundo. Tem boa técnica e rigor tático, não sendo fácil apontar-lhe falhas. Klopp está no Liverpool desde 2015, mas o trabalho só começou a dar frutos visíveis em 2018/2019, época em que a equipa lutou até ao fim pelo título e acabou como o segundo melhor classificado da história do futebol, com 97 pontos. O treinador alemão conquistou ainda a Europa, devolvendo a honra às gentes de Liverpool.
O trabalho do técnico foi crucial para todo este sucesso, que continua bem assente na presente época. À 22.ª jornada, os reds somam 64 pontos, ou seja, apenas um empate a "estragar" as 21 vitórias conseguidas.