A sete meses da cerimónia de abertura, há 29 atletas lusos apurados mas o número deve subir para mais do dobro. Expectativas de medalhas cresceram em 2019
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A aventura nos Jogos da XXXII Olimpíada, que se realizarão na capital japonesa de 24 de julho a 9 de agosto de 2020, já está garantida para 29 atletas portugueses, mas há muitos mais apuramentos a caminho para uma representação lusa que deverá ter entre 70 e 80 participantes. É essa a previsão do Comité Olímpico de Portugal (COP), ciente de que o total de 92 atletas presentes no Rio de Janeiro, na edição anterior, não irá ser repetido, devido à confirmada ausência da seleção de futebol, que no Rio 2016 logrou o apuramento.
Entre os resultados de relevo que se perspetivam, existe a esperança de que Portugal possa ganhar mais do que a medalha conquistada em Londres 2012 (prata de Fernando Pimenta e Emanuel Silva em K2 na canoagem) e no Rio de Janeiro 2016 (bronze de Telma Monteiro no judo). O objetivo do COP é conseguir dois lugares de pódio em Tóquio, os mesmos que foram obtidos em Pequim 2008 (ouro de Nelson Évora no triplo salto e prata de Vanessa Fernandes no triatlo), com a ambição de que, 12 anos depois, no regresso ao Oriente, possa haver um novo campeão olímpico português.
Os desempenhos nos Mundiais das diferentes modalidades disputados em 2019 reforçam a crença lusitana. No ano que agora termina, Portugal teve seis atletas medalhados em Campeonatos do Mundo (ouro de Jorge Fonseca no judo, prata de João Vieira na marcha e de Bárbara Timo no judo, bronze de Fernando Pimenta na canoagem, de Rui Bragança no taekwondo e de Gustavo Ribeiro no skate, modalidade que fará a estreia olímpica em Tóquio, tal como a escalada, o karaté e o surf), sendo que Pimenta e Vieira já têm assegurada a presença nos Jogos.
O título mundial de Fonseca na categoria de -100 kg coloca-o entre os favoritos ao pódio em Tóquio, algo extensível a Pimenta, um dos melhores do planeta no K1 da canoagem, e também a Pedro Pichardo, que foi quarto no triplo salto dos Mundiais de atletismo, mas tem possibilidades de fazer melhor no Japão. Sem as mesmas aspirações, mas igualmente candidatos a lugares de destaque, contam-se o "eterno" Nélson Évora (triplo salto), Rui Costa e Nélson Oliveira (ciclismo), João Pereira (triatlo), Frederico Morais (surf), Telma Monteiro (judo), Patrícia Mamona (triplo salto) e Inês Henriques (se a prova feminina de 50 km marcha for incluída no programa olímpico do atletismo), embora, para já, apenas Morais e Mamona tenham participação garantida.
Até agora, está confirmada a representação portuguesa em 10 modalidades, mas o COP espera ter atletas em 19, cujas confirmações dependem da conclusão das qualificações em karaté, golfe, judo, skate, remo, taekwondo, ténis, triatlo e badminton.
José Manuel Constantino: Presidente do Comité Olímpico de Portugal
Com 29 apurados até agora, qual é o objetivo de Portugal quanto ao número de atletas presentes em Tóquio?
Queremos ter 70 a 80 atletas qualificados e os apuramentos estão a decorrer de acordo com as expectativas. A redução em relação aos 92 atletas que tivemos no Rio de Janeiro tem a ver com a ausência do futebol. O objetivo de estarmos representados em 19 modalidades é difícil de concretizar, mas continuamos a poder atingir esse número.
O que é que se pode esperar da participação portuguesa?
Estabelecemos o objetivo de ter dois lugares de pódio e pensamos que é razoável atingir esse valor ou até ultrapassá-lo. No ano que está a terminar, os resultados foram excelentes, com seis pódios em Mundiais. Não é possível fazer uma transposição desses resultados para os Jogos, mas eles permitem-nos fazer uma avaliação do nosso valor competitivo. Esperamos que a previsão de resultados possa ser alcançada, tanto ao nível das posições de pódio, como das posições de finalistas e de semifinalistas.
Esses bons resultados de 2019 em Campeonatos do Mundo elevam as expectativas?
Há sempre esse risco, embora sejam competições de natureza distinta. Nos Jogos de Pequim, tivemos duas posições de pódio, mas tínhamos valor desportivo para mais. E não conseguimos. Temos de ser muitos prudentes na avaliação, sem deixar de reconhecer que o que os nossos atletas evidenciaram em competições de valor equivalente permite ter boas expectativas quando aos resultados de Portugal.
Já é possível perceber que tipo de condições irão os atletas encontrar em Tóquio?
Só o simples facto de algumas provas estarem deslocadas complica. Haverá quatro locais de competição longe de Tóquio e isso envolve uma logística complexa. A circunstância de o Japão ser um país de temperaturas e grau de humidade elevados no verão coloca problemas de adaptação complicados para quem vai competir ao ar livre em provas de longa resistência, mais até do que a questão do fuso horário. Tudo isto exigirá muito rigor na preparação do que é previsível acontecer. É isso que temos estado a fazer. Ouso dizer que esta será a missão mais complexa e difícil de organizar.